O rapaz recebeu os dois melhores amigos no seu apartamento em Brasília para jantar e comemorar trinta anos de amizade. Eram seus irmãos de coração. O menu: Miojo com camarão. O bom e velho miojo que todos comeram muito quando viviam de mesada e a criatividade rolava solta resultando em momentos loucos e inesquecíveis lembrados com muita saudade.
Época onde o romance e o amor tinham significado, onde músicas marcavam aquele encontro, aquela briga e o beijo da desculpa. As pessoas se respeitavam, se gostavam de verdade e tudo acabava em festa. Uma troca de olhares, um beijo roubado, a transa e o namoro tornavam-se um momento marcante e único. Tempo sem maldade e muito romântico.
Começaram vendo antigas fotografias e a nostalgia foi tomando conta da noite: As conversas embaixo do prédio onde moravam, muitas madrugadas gastas gravando fitas cassetes de programas de rádio 3 em 1, planos para o futuro, sonhos a aerem realizados, ensaios dos passinhos de dança para arrasar nas discotecas no final de semana, farras, acampamentos no carnaval, show da legião urbana que deu a maior confusão, primeiro rock in Rio e a famosa passagem na pastelaria viçosa no final de cada noite na rodoviária para comer o trio(02 pastéis e um caldo de cana).
O trio era comido com todos sentados na grama em frente a rodoviária vendo o dia amanhecer. A cidade quieta, vazia, silenciosa, acordando aos poucos. Naquela hora podíam fazer o que quiserem e ninguém iria testemunhar. Depois voltavam a pé para casa morrendo de rir de tudo e de todos.
E assim a Aquarius entrou na vida de todos. Era o templo e o refúgio da comunidade gay. Aberta em plena ditadura militar, sobreviveu bravamente a repressão e virou um símbolo de resistência. Nela podiam ser eles mesmos sem restrições, deram o primeiro beijo em público - quanta emoção por tamanha ousadia - fofocaram, viveram grandes amores e dançaram ao lado de Renato Russo, Cássia Eller, Rogéria, Elke Maravilha, Cazuza, entre outros.
Embora a Aquarius fose um inferninho, diferentes tribos conviviam em perfeita harmonia tornando o ambiente tranquilo. Artistas iniciantes e consagrados misturavam-se em seu palco que era um território livre para a arte. Concursos como Mister Aquarius, Mister Bumbum, Garoto Molhado e gogo boys exibindo seus magníficos corpos completamente nús, agitavam as noites da comunidade gay.
Nos anos 80 o rapaz e seus amigos viviam uma vida dupla e a regra do jogo era: Tudo era proibido mas secretamente permitido. Tabus foram quebrados, preconceitos foram enfrentados na raça, mas não existia vitimização. Tudo que fizeram abriu caminho para a liberdade que os gays tem hoje. Não existia luta pelo casamento, paradas gays e nem a lei PLC 122, mas sabe qual era o paradoxo disso tudo? Eram muito, mas muito felizes. Sempre fizeram tudo que queriam fazer.
No dia 01 de janeiro de 2001, às seis e meia da manhã, a música aquarius que durante anos finalizou as noites da boate, tocou pela última vez. O templo parou de resistir, tombou e fechou as portas. O rapaz e seus amigos estavam lá, deram a última volta pelas dependências e foram embora sem olhar para trás.
Na rua uma chuva fina caía, mas o rapaz não se importou. Olhou para o prédio da boate e por um momento teve a impressão de ver Eliseu, seu grande e único amor que conheceu na Aquarius, acenando para ele com o sorriso safado que o conquistou. A era de Aquarius tinha chegado ao fim.
A noite de comemoração acabou com o rapaz e seus amigos na frente da rodoviária, sentados, relembrando os velhos tempos e comendo o famoso trio comprado na pastelaria Viçosa que diferente da boate, continua resistindo ao tempo.
Época onde o romance e o amor tinham significado, onde músicas marcavam aquele encontro, aquela briga e o beijo da desculpa. As pessoas se respeitavam, se gostavam de verdade e tudo acabava em festa. Uma troca de olhares, um beijo roubado, a transa e o namoro tornavam-se um momento marcante e único. Tempo sem maldade e muito romântico.
Começaram vendo antigas fotografias e a nostalgia foi tomando conta da noite: As conversas embaixo do prédio onde moravam, muitas madrugadas gastas gravando fitas cassetes de programas de rádio 3 em 1, planos para o futuro, sonhos a aerem realizados, ensaios dos passinhos de dança para arrasar nas discotecas no final de semana, farras, acampamentos no carnaval, show da legião urbana que deu a maior confusão, primeiro rock in Rio e a famosa passagem na pastelaria viçosa no final de cada noite na rodoviária para comer o trio(02 pastéis e um caldo de cana).
O trio era comido com todos sentados na grama em frente a rodoviária vendo o dia amanhecer. A cidade quieta, vazia, silenciosa, acordando aos poucos. Naquela hora podíam fazer o que quiserem e ninguém iria testemunhar. Depois voltavam a pé para casa morrendo de rir de tudo e de todos.
E assim a Aquarius entrou na vida de todos. Era o templo e o refúgio da comunidade gay. Aberta em plena ditadura militar, sobreviveu bravamente a repressão e virou um símbolo de resistência. Nela podiam ser eles mesmos sem restrições, deram o primeiro beijo em público - quanta emoção por tamanha ousadia - fofocaram, viveram grandes amores e dançaram ao lado de Renato Russo, Cássia Eller, Rogéria, Elke Maravilha, Cazuza, entre outros.
Embora a Aquarius fose um inferninho, diferentes tribos conviviam em perfeita harmonia tornando o ambiente tranquilo. Artistas iniciantes e consagrados misturavam-se em seu palco que era um território livre para a arte. Concursos como Mister Aquarius, Mister Bumbum, Garoto Molhado e gogo boys exibindo seus magníficos corpos completamente nús, agitavam as noites da comunidade gay.
Nos anos 80 o rapaz e seus amigos viviam uma vida dupla e a regra do jogo era: Tudo era proibido mas secretamente permitido. Tabus foram quebrados, preconceitos foram enfrentados na raça, mas não existia vitimização. Tudo que fizeram abriu caminho para a liberdade que os gays tem hoje. Não existia luta pelo casamento, paradas gays e nem a lei PLC 122, mas sabe qual era o paradoxo disso tudo? Eram muito, mas muito felizes. Sempre fizeram tudo que queriam fazer.
No dia 01 de janeiro de 2001, às seis e meia da manhã, a música aquarius que durante anos finalizou as noites da boate, tocou pela última vez. O templo parou de resistir, tombou e fechou as portas. O rapaz e seus amigos estavam lá, deram a última volta pelas dependências e foram embora sem olhar para trás.
Na rua uma chuva fina caía, mas o rapaz não se importou. Olhou para o prédio da boate e por um momento teve a impressão de ver Eliseu, seu grande e único amor que conheceu na Aquarius, acenando para ele com o sorriso safado que o conquistou. A era de Aquarius tinha chegado ao fim.
A noite de comemoração acabou com o rapaz e seus amigos na frente da rodoviária, sentados, relembrando os velhos tempos e comendo o famoso trio comprado na pastelaria Viçosa que diferente da boate, continua resistindo ao tempo.