Exclusividade

A moça tentava vender a sua mercadoria. A loja ultimamente estava às moscas e havia contas ainda não pagas, do mês passado.

- Eu gosto desse, ficou muito bem pra você!

A distinta senhora estava interessada no produto, afinal tinha qualidade e o preço era razoável. Um produto como aquele, naquele preço, só comprando no exterior. Ela brevemente rememorou as viagens que fez e quantas vezes comprou a mercadoria bem barata. Decerto acharia novamente, afinal artigo fino e com bom preço, ela dizia sempre envaidecida, "só nas viagens que faço com meu marido".

Mas agora, na viuvez, estava mais difícil escolher um roteiro. Não por falta de companhia, porque as amigas viajam sempre, mas por falta de recursos. Ela não tinha aposentadoria e o marido também não tinha. Ele deixou um bom seguro, mas as despesas eram tantas... Só de salão, ia uma fortuna todo mês. Eram ela e duas filhas para gastar o que sobrou no banco. Ela não iria viajar tão cedo.

A moça, percebendo a indecisão, disse num tom animado:

- Sabe, quando a coleção chegou, fiquei tão encantada que peguei um para mim também. Todos gostaram, minhas amigas até pediram desse também!

Nessa hora, Iolanda que já estava decidida a levar o que parecia bom e barato, olhou para a mocinha de cima até em baixo. Deixou delicadamente a mercadoria no balcão, agradeceu educadamente e saiu dizendo que estava atrasada.

Cláudia Machado

5/6/18

Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 05/06/2018
Reeditado em 05/06/2018
Código do texto: T6356056
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