O homem que sonhou com a morte

Certa vez sonhei com a morte. Ela era uma velha magra, careca, feia e muito má. E foi desse jeitinho que ela apareceu para mim. De aspecto cadavérico, ela sorriu, piscou e ainda disse que eu tinha os olhos lindos. Imagine só como eu fiquei leitor amigo?! Tremia como vara verde. Pensei, de fato, que estava morrendo.

No meu sonho, a morte tinha os dentes grandes e pontiagudos, cobertos por uma crosta vermelha, estilo “ouro de fogo”. Qual não foi a minha reação quando ela disse: - Vim te buscar. Tentei manter um diálogo com ela, mais ela foi logo dizendo: - Não gosto de filósofo. “Além de ser feia, a morte ainda é preconceituosa” – pensei comigo mesmo!

Ela era magra, alta e possuía os dois braços logos e dedos muito finos, de modo que me abraçava e segurava-me firme com suas mãos largas e fortes. Num primeiro momento, fiquei quieto pensando tratar-se de um pesadelo. Quando os seus dedos finos encostaram à minha costela senti uma vontade louca de sorrir, mas quem veio foi o choro. Chorei copiosamente pensando que nunca mais iria ver as pessoas que amo, especialmente meu filho.

Num segundo momento, resisti aquele abraço e esforçava-me para não ser envolvido pelo seu acolhimento, que apesar de ser muito magra, enquanto ela ia me abraçando, eu sentia até certo conforto e acolhimento. Não foi fácil resistir aquele abraço. A morte me envolvia e até me seduzia de tal forma que parecia ser real. Passei as mãos pelas pernas e não as sentir. Tentei me beliscar para ver se estava sonhando e percebi a confusão que estava acontecendo com a minha mente.

Foi aí que iniciamos uma breve luta corporal. Depois de muitos pontapés, socos e beliscões, consegui enfiar os dedos nos olhos dela. Foi quando ela me soltou. Sob os meus pés percebi um grande poço. Caia desesperadamente naquele buraco, batendo-me num lado e no outro, enquanto ela de cima, apenas sorria um sorriso irônico e sarcástico.

Quando eu já ia uns dez metros abaixo, consegui agarrar-me a uma raiz que saia da parede. Passados alguns minutos o meu braço foi perdendo a foça, e, aflito, comecei a gritar: - Tem alguém aí em cima?

Eu olhava para o alto e tudo que conseguia ver era o céu nublado cobrindo a boca do poço. De repente, as nuvens se afastam, um raio de luz clareava a cavidade, e uma voz troveja lá de cima: - Eu, o Senhor Jesus Cristo, estou aqui. Solte a raiz e eu salvo você.

Naquele instante recordei de um filme em que a morte assumia condição humana para cumprir sua missão. Foi, então, que gritei, mais uma vez, por socorro: - Tem mais alguém aí em cima?

O meu pai que dormia no quarto ao lado, acordou com os meus gritos e veio ver o que estava acontecendo comigo. Ao ver-me naquele estado, transpirando muito e com a cara de quem tinha visto a morte de perto, disse-me: - Meu filho, quem quer ser ajudado por Deus precisa aprender a confiar Nele.

E continuou: - Para você não ter mais pesadelos à noite, ore antes de dormir, pois a amizade com Deus é a mais profunda e eficaz das terapias. Só Deus é capaz de nos livrar da morte eterna.

- Papai, deixa eu lhe confessar uma coisa: ultimamente tenho sonhado muito com a Bruna Marquezine, mas eu queria mesmo era sonhar com a Mega-Sena!

Luís Lemos
Enviado por Luís Lemos em 03/06/2018
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