REALIDADE NUA E CRUA

CONTO 2 = REALIDADE NUA E CRUA

Senador Paulo Faco, sentado à beira de sua piscina na cobertura da Vieira Souto, mechia o whisky com o dedo tentando dilui-lo, para talvez dar uma colada. Colocou um gole na boca, seu combalido fígado retrucou, ele bocejou e cuspiu na piscina, o buquê e o molhado da boca lhes deu um fiapo de prazer instantâneo. Olhou para a piscina e só via sangue, era totalmente avermelhada, sangue do povo brasileiro, de todos que ele tinha roubado. Por instante, seus pensamentos se voltavam para os bilhões que tinha, espalhados em diversos paraísos fiscais, com laranja e até na conta de sua maizinha amada, lá no sertão Central. Tanto dinheiro, tanto dinheiro e não posso ir na padaria comprar três carioquinhas, meus Deus, isso lá é jeito de terminar minha vida. Olhou para a tornozeleira eletrônica e pensou em corta-la, lembrou das palavras de seu advogado.

-- não faça isso senador, o senhor passa de condicionado para fugitivo na mesma hora.

Meteu a mão no bolso da calça e tirou uma pistola Taurus, presenteada pelo próprio presidente da fabricante, viu que tava municiada, olhou os retratos dos filhos e pensou alto

-- agora entendo Getúlio

Leva a pistola até a boca trimmmmm o telefone toca

-- alô, é o presidente Temer.