Ziguezagueando 4
Jovita!? Depois daquela minuta que a moça apresentou ao telefone, não tinha mais de ficar de tra-lo-ló na ligação, ouviu em miúdos, no encurtamento das palavras, e na arte de ser entendida, o fato de que João não estava para terceiras.
De anônima, programado seu número para ser recebido como desconhecido na ligação, assim terminou, desligando o aparelho.
Depois do: “Tudo bem, depois eu ligo”, a filha ainda insistiu em perguntar se queria deixar recado, mas Jovita agradeceu, disse que ligaria depois. Never! nunca mais.
Pensou: “Justo eu que me adestrei para não cair nessas! Quasee! Bate as orelhas, Jovita! Quis ser educada, somente educada, cortês com o homem, e levo esta. Faltava a moça achar que você é a outra, ou coisa e tal. Isto não aconteceu! Não aconteceu!”
Mal sabia Jovita, que aquela que disse ser filha, não era filha daquela mulher que ela viu com João no shopping. Lá, era Merlin, a ficante, que João estava no ziguezaguear, indo e vindo com mulheres, servindo a elas em afeto e prazer.
Rita, era a oficial, e era na casa da família que se encontrava, na capital, ocasião em que Jovita ligou, calhando da filha mais velha dele atender o celular.
Mulher experimentada dos tempos idos, deu trabalho a Jovita tirar a broca que tinha no coração, mas conseguiu. Praticava a desídia nos relacionamentos que tinha com homens, resolveu ser adepta a informalidade em relações afetivas com o sexo oposto.
Depois das experiências comos dois lados da moeda com os companheiros que teve na vida, a mulher do ser Matriarcado (Yin), e a do patriarcado(Yang), se deu mal, teve que se precaver. Houve um encadeamento de fatos e homens que manteve relacionares, que não acabou bem. Ficou no prejuízo.
Mesmo assim, apesar de tudo, depois de tudo, agora, na idade da loba, ainda mantinha o gosto de estar com homens, se realizar nos instintos físicos com eles, não como carteira assinada, todo dia, escova de dente para dois e coisa e tal, dava trabalho, não tinha gás, energia para estar disponível todos os dias na expectativa de dar afeto e cama, e receber. Isto, não rendeu reciprocidade de resultado.
Sem prejuízo dos percalços, perdas e sofrimentos, gostava ainda do produto.
Jovita, com quatorze anos, engravidou-se. O pai, um ano mais novo que ela. Sem chance, teve que sair da escola.
Parto normal, teve Ana Midian; sofreu contração o dia inteiro, foi de viatura da polícia ao hospital depois de ficar a tarde toda agonizando esperando sua mãe chegar do trabalho. Na época, não tinha celular nem telefone em casa, até que concebeu, com ajuda à base de fórceps, criaria sua filha sozinha. O pai de Ana? Mudou com seus pais para outra cidade, nunca mais o veria.
Jovita seguiu com a ajuda da mãe, Ninita, que era sozinha, o pai de Jovita a deixou quando descobriu que ela estava grávida, era costureira em fábrica de roupas de crianças. O que ganhava era o suficiente para pagar o aluguel do cômodo com banheiro que as duas viviam aos fundos de uma residência, e comida.
Depois de dois anos de tida a criança, não teve outra opção, a não ser deixar o bebê em creches, tinha que auxiliar a mãe nas necessidades básicas, suas, da casa e da criança. Daí, o mundo escancarou. Foi trabalhar.
Com dezesseis anos, fazia de tudo, até cuidadora de cachorro de madame, lavadora de prato em eventos, cortadora de linha de calças em fábrica de jeans, empregada doméstica, vendedora de bilhete de loteria, . Perdeu o direito de chorar...de reclamar... de estudar.