O rapaz ( 2 )

O rapaz cresceu. Quer dizer: ficou adulto.Mais velho.Um homem irresponsável.Fazia o que queria e não aceitava opiniões nem reprimentas.As contas chegavam gordas mas ele não tomava conhecimento afinal de contas a vovó e toda a família sempre consentiram e nunca e jamais poderiam contradizer, contrariar o rapaz. O rapaz entrava e saia , entrava e saia e procurava o que fazer para ganhar um dinheirinho.Certo dia viu seu tio catando uma latinhas, muitas latinhas, mas ele pensou: isso não é vida pra mim.O rapaz queria mais, mais fácil, mais rápido.

Um belo dia, triste dia, a avó sábia adoeceu. No outro, a avó morreu.A caixinha dos correios já se encontrava abarrotada de contas, contas para todos, menos para ele: o rapaz, que agora era um homem. A mãe resolveu fazer as malas juntamente com todos os tios e tias e primos e sobrinhos.Foram morar em bairros distintos e deixaram a casa, aquela casa para um único morador: o rapaz, que já era homem, um homem. Ele de repente se viu sozinho mas se sentiu dono. Olhou em volta: tudo isso é meu!. Mas as contas chegavam: luz, água, IPTU, taxa de incendio.Mas ele nem ligava porque não tinha dinheiro pra pagar e nem profissão e nem estudos e nem disciplina e atitude e responsabilidades.Um belo dia, triste dia, tomaram-lhe a residência contrariando sem dó nem piedade o rapaz; que já era um homem.Um homem sem escrupulos.Um homem sem responsabilidades.

Carlinhos Real
Enviado por Carlinhos Real em 18/05/2018
Reeditado em 21/05/2018
Código do texto: T6340091
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