O ESTADO CINZA DO SER (Releitura)



A mulher ágil, solícita e encantadora... sem perceber, aos poucos, foi mergulhando em um mundo cinza.
Por várias vezes, enquanto lúcida, desejou se esquecer de tudo... até do seu eu.
O que não poderia ter esquecido era de que devemos ser cautelosos com o que desejamos... A palavra tem “poder,” assim, foi atendida.
Esqueceu-se de quem a ama... Esqueceu-se de si.
Vive em um mundo de cor cinza, no qual, os que a rodeiam lhes descrevem fatos do seu passado e presente, na esperança de fixarem tais lembranças, nas paredes de sua memória... Porém, o mundo cinza em que mergulhou tem uma borracha ativa e inexorável, programada para apagar toda e qualquer informação, alheia às que lhe restaram.
Deus não se esqueceu de presenteá-la com filhos amorosos, que zelam, continuamente, por seu bem estar.
Bem alimentada, higienizada... Voltou a ser criança brincando de esconde-esconde, com o seu “amigo imaginário”, chamado Alzheimer... Poucas vezes si acha.



Nota: escritos de gaveta, recife, 12/09/2008.


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EstherRogessi
Enviado por EstherRogessi em 17/05/2018
Reeditado em 03/10/2018
Código do texto: T6338613
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