Sobre déjà vu…
… ler (e escrever) é se perder no tempo…
Se achava perdida, num canto vazio enquanto lia (sem palavras), submersa em lugar nenhum. Até escutar (com os ouvidos de alma) passos sussurrantes no corredor ao lado…
Ao se aproximarem, o suficiente para matar sua curiosidade sobre a portadora daqueles passos-coração, viu apenas outra menina, igualmente só, da mesma forma perdida, mas só um pouco mais velha…
E pensou…
A outra, sem sobressaltos, também a viu, e penetrou seus olhos com a mesma curiosidade, sem desvirtuar seus passos de vento; em direção a nenhum lugar. E lá se foi, duplamente perdida…
Exceto seu olhar, que ficou…
Só depois (bem mais tarde), a menina que sempre sonhava, como num susto de revelação, realmente enxergou (de sua memória retrato embaçada) aquela outra menina do corredor; dos passos sonoros (de coração e vento)…
E então se deu conta: aquele olhar que ficou, que havia ficado, ao mesmo tempo, distraído e concentrado, não era o de ninguém além dela mesma(!), que na época, flutuava errante fora de si…