AMELINHA DECIDA
Quando ela acordou, não estava atrasada, mas precisava apressar-se para chegar no horário lá no espaço Conviver para as aulas de Tai chi chuan e Ioga.
No seu quarto enquanto se arrumava, desviou o olhar para a cama onde parecendo morto estava o seu marido.
Dormia um sono profundo, curando-se da bebedeira do dia anterior.
Chegara em casa tropeçando nos próprios pés, vindo do bar onde com os amigos passavam o tempo a falar daquilo que um dia já lhes dera muitas alegrias, mas que hoje era só decepção, o futebol. Para remediar trocavam entre si, as mesmas piadas de sempre, rodeados por algumas meninas, que entre eles eram chamadas de “novinhas”, cuja única ocupação na vida, era arrumar algum com alguém naquela espelunca que lhe permitisse uns trocados para gastar com o seu parça na biqueira mais próxima.
Lembrou-se de ter dito a ele, quando lhe abriu a porta:
Assim está ficando difícil Fagundes!
A resposta dele veio carregada do odor de cachaça, cigarro e carne de churrasco:
Conversar com os amigos agora é crime Amelinha?
Aquele Amelinha era um cravo de cruz na sua convicção, e ela assumia o que seu marido pensava dela, e no papel de amelinha foi atrás do seu martírio para coloca-lo na cama, depois foi para a sala ver se conseguia dormir. Ele roncava forte irritando-a.
Ela acabou de arrumar-se, e disse para si mesmo antes de sair daquele quarto:
Bom, acredito que esta na hora… de aproveitar e tacar fogo nisso!
FIM