Na Casa de Repouso

Hoje a Rosa fez um barulho de novo aqui. Tentava sair para a rua outra vez. Quase quebrou a trava do portão! É que ela quer ver a filha, Madalena. Ela não vem mais aqui.

Outro dia ela falou o dia todo. Precisaram até dar uma "aguinha" pra ela. Falava o nome da menina. Mas hoje a filha está pra ser avó!

A Rosa é muito sozinha... Mês passado veio um rapaz procurá-la. É neto dela, Madalena. Neto, filho do José Oswaldo. O filho do meio de Rosa. O rapaz era meio esquisito... Achei que articulava demais. Depois ouvi nos corredores, ele queria saber das alianças da avó. Veio visitar não, Madalena! Queria era tirar dinheiro dela...

Tenho dó da Rosa. Aqui todo mundo fica assim: Camisola o dia todo! Hora para deitar, hora para levantar, hora da medicação... Hora da televisão... Madá, você tem recebido visitas? Eu não.

Rosa é muito sozinha, coitadinha! Mas ela fala nada não. Chora baixinho às vezes, depois da missa a vejo com o lencinho na mão, passando no rosto. Domingo é dia de visita, né Madalena... Seus filhos vem ver você? Eu não tive filhos... Sorte sua Madalena, filho é pra vida inteira... A gente sabe que eles estão lá. Trabalhando... Hoje em dia é assim. A filha da Rosa trabalha no avião. Ela disse isso para mim. Não dá pra vir aqui ver a pobre da mãe. Está sempre lá em cima. Longe! Tem dia que vejo a Rosa olhando o céu... Morre de saudades da filha. Vejo como ela se alegra quando vê um risco branco no céu...

" - É Maria Amélia, Jesuína, eu sei! Ela passou rapidinho, mas veio me ver!"

Cláudia Machado

Maio18

Homenagem ao dia das mães

Cláudia Machado
Enviado por Cláudia Machado em 10/05/2018
Reeditado em 11/05/2018
Código do texto: T6333049
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