Um porre,um vira-lata e um amigo...
Hebert era um homem humilde. Sim, não somente de fato, mas já de longe sua peculiar forma de andar denotava isso. Sua paixão pela natureza e bichos era grande. bichos em geral mesmo. ''esses pombinhos são sempre tão mansos, é por isso que se dão mal.'' apaixonado por viagens também, e sobretudo, por gatos. Morava com alguns... uns 30 mais ou menos, usando certa exatidão. Eram seus amigos fiéis. Ele não sabia,se era dono dos gatos,ou se os gatos eram seu dono. Infelizmente,a vida,o mundo,lhe tirava a paz,o sossego,a esperança em continuar sendo "são". Por quê não,se livrar daquele "personagem",de uma vez por todas? Algo doloroso até... quem sabe,fazer como niestche ,em sua última atitude desesperada,abraçar o cavalo,morrer por ele,morrer com ele. Certo dia, e mais uma vez , foi novamente ao bar alí próximo. Uma, duas, três... até se consumar um porre. Sim, um belo porre. Se sua intenção era essa? nem ele mesmo sabia. Nisso,também chegou um cachorro vira-lata, e se deitou aos seus pés, e ficou... fitando a rua,a imensidão das luzes da cidade. Aquilo chamou imensamente a atenção de Hebert, que acima de tudo,sentiu muita pena do pobre animal. Queria poder ajudá-lo, em meio àquela cidade desalmada, sem rosto e compaixão. Ao mesmo tempo,sentiu-se em companhia, uma ótima companhia. E ficou afagando o animal. Pouco depois para sua grande surpresa, chegou um velho amigo, que a muito, havia sumido. Sentou-se. Hebert não sentia mais a força da solidão a lhe assolar. E embora amasse a solidão, ela muitas vezes, o assustava... talvez o resquício de um paradoxo. Seu amigo também bebia de vez em quando. Continuaram a beber, e é claro muita conversa. Foi que Hebert disse - "sabe amigo...em meio a tudo que tem acontecido ultimamente, e sobretudo o que penso e sinto...essa noite, me deu esperanças em continuar, me fez acreditar mais uma vez. Esse cachorro,que chegou sem nenhum motivo aparente, como enviado por alguém. Depois você, e essas cervejas... eu sei que já fomos amigos,em outras vidas... sendo assim, a gente tinha que se encontrar aqui, mesmo sem ver um tal sentido pra isso, mesmo de uma forma imprevisível... por que é isso que seremos pra sempre, fiéis amigos! " Seu amigo concordou com tudo. As cervejas acabaram, e antes que Hebert virasse a última dose, o cachorro que estava deitado aos seus pés,levanta,lambe sua perna,e sai correndo,pegando a movimentada avenida,e sumindo da vista dos dois. Hebert entendera tudo...nunca mais iria esquecer daquele vira-lata...seu amigo igualmente. Eles então levantam. Hebert se despede,e vai para sua casa.Seu amigo,segue pela movimentada e barulhenta avenida,pelo lado oposto,no qual sumira,o vira-lata.