COISAS DA VIDA
O amor de João por Joana se resumia ao sexo. Além da cama o tratamento do marido se resumia à “lei do mais forte”, como ele afirmava constantemente. Joana lavava, passava, cozinhava, fora e dentro de casa. João passava o dia inteiro comendo, bebendo, assistindo à TV e, quando sentia necessidade, pedia dinheiro para a mulher a fim de visitar a famosa “Casa das Periguetes”, um antro solidário no quesito satisfação sexual dos clientes. Certa feita, seguro de jamais ser punido, armou uma transa com a vizinha da direita, amiga esquerda de Joana. Aproveitou o fato de estar sozinho em casa em razão da saída de dia inteiro da esposa para o trabalho.
Ele e a convidada se comeram, assim como fizeram ao que restava na geladeira. Joana chegou exausta. Trabalhara por quase doze horas a fio para dar conta de uma faxina “monstra” e, de quebra, passara (em pé) quase duas horas no ônibus lotado devido a mais um engarrafamento dantesco, que bem ilustra a vida complexa dos grandes centros urbanos, sobretudo para os habitantes que integram a ala, predominante, da baixa renda.
Joana tomou um susto. João estava lá, completamente nu e entrelaçado ao corpo moreno e suado da vizinha, mulher a quem Joana entregara inúmeras intimidades da sua vida conjugal. O súbito gelado tornou-se calor e fogo e ódio e...
Uma hora depois, o equívoco havia sido iluminado. Joana se achou muito boba. Por que desconfiara de uma simples sessão de Yoga? Na verdade na verdade, Joana não sabia muito bem o que significava o termo Yoga, mas sabia que se relacionava ao bem do corpo, pois assistira a algumas reportagens sobre o tema.
Rindo à mesa, João e a vizinha deliciaram um bolo fresquinho preparado pelas mãos calejadas de Joana. Um pouco antes, João sussurrara para a esposa que, no apagar das luzes, daria nela uma “boa massagem”. O que mais importaria?