SOS-AMOA
O presidente daquela grande companhia estava para se aposentar. Reunira o conselho consultivo da empresa justamente para escolher o seu sucessor. Ali estavam o vice-presidente, o superintendente e os mais antigos diretores, todos cotados para a sucessão. Entre eles um jovem executivo recentemente contratado para oxigenar a divisão de planejamento, criando novos produtos e sugerindo novas estratégias de mercado.
Os rostos graves dos senhores sentados naquela mesa mostravam claramente o momento tenso que eles estavam vivendo. A empresa estava em crise. Perdendo mercado para os concorrentes. Suas ações caindo vertiginosamente na bolsa. Baixa produtividade e pouca motivação entre os funcionários. Lucro zero.
– Como vocês sabem, nossa empresa está passando por uma séria crise – disse ele. – Eu estou velho demais para enfrentá-la. Por isso estou deixando o cargo. Quero passá-lo para aquele que me der a melhor proposta para resolver essa crise. Considero todos aqui, nesta mesa, como concorrentes. Aquele que me apresentar a melhor idéia de como devemos enfrentar nossos problemas ocupará minha cadeira daqui para diante.
Seguiu-se um longo e constrangedor silêncio. Parecia que ninguém tinha a menor idéia do que fazer para salvar a empresa. De repente o jovem executivo se levantou da cadeira. Todos esperavam que ele, que havia sido contratado exatamente para sugerir novas estratégias, desse alguma idéia. Mas ao invés de falar, ele pediu para sair da sala por um momento. Todo mundo pensou que ele saíra para buscar algum material que porventura estivesse desenvolvendo. Afinal, ele fora contratado para isso.
Logo voltou com um lindo vaso de porcelana nas mãos e uma vistosa rosa dentro dele. O presidente reconheceu imediatamente o vaso. Era justamente um precioso vaso de porcelana chinesa que enfeitava a sua ante-sala.
– O senhor pediu uma solução para os problemas da empresa e eu sugiro esta – disse o rapaz. E pegando o precioso vaso, espatifou-o no chão. Os velhos conselheiros, perplexos, passavam, alternativamente, os olhos pelo rosto impávido do rapaz e para os cacos do precioso vaso, sem entender.
Somente o velho presidente abriu um largo sorriso.
– Entendi, meu jovem – Enquanto olharmos para a nossa empresa como se fosse um inestimável vaso de porcelana que guarda uma linda rosa, não conseguiremos enfrentar os nossos problemas de frente. É preciso quebrar ovos para fazermos uma omelete. E quando os velhos caminhos já não levam a lugar nenhum é preciso ter coragem para abandoná-los e abrir outros novos.
– A reunião terminou – disse o velho presidente. – Já encontrei o meu substituto.
PS. Dedico essa metáfora aos dirigentes da AMOA, que já foi um dos projetos sociais mais bem sucedidos de Mogi das Cruzes e que hoje está enfrentando dificuldades para sobreviver. Espero que o espírito da Dona Astréa Barral Nébias e do meu saudoso amigo Ilson Gomes, pioneiros desse trabalho maravilhoso, os inspirem para encontrar uma ideia salvadora para esse projeto que já foi o orgulho desta cidade.