Sonho Cotidiano I - A doce ilusão

Era um sonho. Mas poderia ser realidade.

Devia ser umas duas da manhã, eu já tinha bebido muito, estava com muitos amigos a comemorar um trabalho importante.

O bar possuía aspirações "retrô kamikaze", o que deixava o clima um tanto quanto misterioso e sugestivo.

De repente uma lua incrível aparece por trás dos prédios, o que me leva a rua para contemplar um céu lindo, o álcool, a lua, a amplidão. Sempre fui dessas sensíveis mesmo, aspirante das sensações, acho que não seria diferente em meu subconsciente.

Para um carro.

Deviam ter umas cinco mulheres, desce apenas uma.

Em meus olhos eu só conseguia ser ver o seu sorriso, com o resto do corpo eu tinha tantas sensações ao mesmo tempo que não saberia descrevê-las.

A gente se reconheceu.

Não sei de que forma, com que sentido, mas a gente se reconheceu.

Percebia-se que o nível de álcool também estava um pouco acima para ela, porque o sorriso dela não saía do rosto, nem o copo da mão. Mas nem por isso deixava de exalar um cheiro que parecia único. Era a pele dela.

Eu disse oi, ela disse oi.

Pronto.

Era realmente ela, eu sabia.

Ela também.

Nos abraçamos e até então nada mais parecia importar ou fazer sentido.

Eu só queria estar ali, e eu estava.

Ela também.

A partir desse momento muita coisa começou a não fazer tanto sentido, as amigas dela demoraram, os meus sumiram, e no meio de tanta gente só tinha nós duas.

Tivemos algumas conversas, falamos sobre o acaso e a inexistência dele.

Falamos sobre como as coisas são loucas e propensas a questionamentos.

Em cada frase, um sorriso solto.

Acho que o álcool nos deixou mais leves, mas ainda sim havia uma timidez.

Percebi quando toquei em sua mão, uma pele branquinha com unhas negras, gelada, do gelo que derretia da sua bebida, comentamos sobre isso.

Sentia minhas bochechas rosarem, que nem nos filmes.

E ela espremia os olhos e salientava as covinhas enquanto sorria.

Mas eu não tinha outra saída, eu precisava toca-la.

E como era sonho, muita coisa não parecia ter lógica, mas em um certo momento ela me roubou um beijo.

Um beijo que significava tanta coisa que eu posso descrever em outro texto, nesse eu quis sentir.

Eu sentia meu coração acelerado e parecia que ali, ou tudo tinha entrado no eixo ou tudo estava desalinhado de vez.

Não quis teorizar.

Já era uma praça, ainda madrugada e nós só pensávamos o quanto tinha sido providencial esse encontro e caramba, a gente tava muito feliz!

Os cabelos dela, era fetiche meu e o vento parecia saber disso.

Ela tentava em alguns momentos falar com suas amigas pelo celular, mas na realidade eu acho que ela falava era pra elas demorarem mais, pois era a mesma coisa que eu fazia.

Aquela noite foi nossa, nós rimos das pessoas que cruzaram a gente, rimos da casualidade de um encontro tão único e necessário.

Rimos do destino.

Nos devoramos.

Fomos quentes, eu pude sentir seu envolvimento quando toquei por cima da sua calcinha.

De repente. Sem muito sentido ou nexo, ela me disse que ia viajar, que faltavam poucos dias, não sabia ao certo por quanto tempo.

Suas amigas chegaram, ela foi.

Tudo muito rápido.

Eu não sabia o que queria dizer.

Eu acordei.

O despertador toca as 6:15hs.

Ela está no meu whatsapp.

Ela passou a noite comigo.

Mas ela não sabe.

Foi um sonho. Mas poderia ser realidade.

Dayanne Dafne
Enviado por Dayanne Dafne em 13/04/2018
Código do texto: T6307415
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