Cenas do bar - Vladimir, o solteiro.

- Que cara é essa, Vladimir?

- Sua prima me deixou.

- Sério? Juro que pensei que vocês estavam bem.

- Pois é, eu também.

- Você andou aprontando?

- É...fico meio besta na hora do sexo.

- Ah, por favor, não venha me falar disso, eu tenho consideração pela Ana, minha prima, quase irmã.

- Não quer mesmo saber?

- Bom...Menos os detalhes mais picantes.

- Então, eu sou um cretino. Na hora h, falei o nome da Jussara.

- Puta que pariu, Vladimir!

- Cara, ela ficou muito puta.

- Com razão, né? Porra, Vladimir!

- Eu acho que...

- Ah, vai me dizer novamente que não consegue esquecer a Jussara.

- É...Tá difícil.

- Cara, pobrezinha da Ana, vou ligar pra ela mais tarde.

- Peça desculpas por mim.

- Nem pensar.

- Tá bom, tá bom, deixa pra lá.

- Mas e as outras? Não entendo como não deu certo com a Patrícia.

- Tinha bafo.

- Oi?

- É...acordava azeda, dava bom dia e o mundo apodrecia.

- Mas todo mundo acorda de bafo.

- Sim, mas não com a Eliza Samúdio escapando pela língua...

- Tá, tá. Mas e a Sandra?

- Masoquista.

- Como é?

- Na hora h ela falava: me bate.

- E você batia?

- Não, claro que não, você sabe, um de la Mancha jamais bate em uma mulher.

- E o que você fez?

- Larguei ué. Uma pena, estava quase gostando dela.

- Cara, talvez ela queria só uns tapinhas na bunda.

- Não mesmo. Ela me olhava com ódio....

- Tá, mas e a Jurema?

- Colocava o cotovelo na mesa.

- Só isso?

- E palitava os dentes.

- Só?

- Prendia os palitos nos dentes, ficava igual um vampiro, parecia o Temer, compreende?

- Ok, entendi. E aquela morena, a Sueli?

- Ah, nem me fale daquela guria.

- Porquê?

- Aquela desgraçada nunca esqueceu o ex-marido.

- Uai, mas você também não esquece da Jussara...

- Tá, tá, mas eu sou eu. E ela queria me transformar nele. Vivia falando "o Valter é isso, o Valter é aquilo, o pinto do Valter não entorta..."

- Tá bom, chega, já entendi.

- Cara, solidão é foda...Não conhece mais alguém pra me apresentar?

- Ah, me erra. Sinceramente, acho que você devia falar com a Jurema, confessar o erro, pedir desculpas, tentar uma volta.

- Não vai dar, ela está praticamente casada com o Arlindo.

- Aquele baixinho que trabalhava com ela na repartição?

- Ele mesmo. Estão juntos desde logo que nos separamos.

- Cara, mas aquele bicho deve ter bafo.

- Com certeza, deve acordar com gosto de merda na boca.

- Já viu ele jogando truco? Grita feito um porco. Imagina o escândalo que deve fazer na hora do sexo?

- Pois é, e limpa os dentes com fio dental, fica passando aquela porra de um lado pro outro, uma imundície.

- Porra, Jussara é corajosa.

- É sim...Mas acho que ela fala meu nome na hora H.

- Será?

- Tenho quase certeza.

- E o Arlindo deixa?

- Mete porrada nela, mas parece que ela gosta, vai entender.

- Situação difícil a sua, Vladimir.

- Pois é, Jussara sempre compreendeu o mundo melhor que eu.

- Saideira?

- Pede chope, o meu sem espuma.

- Agora me lembrei de uma amiga de infância, a Lúcia está solteira...

- Manda o zape, tô topando qualquer coisa.

- Com essa tem tudo pra dar certo.

- Porquê?

- Ela é surda...