DENTE DE OURO
DENTE DE OURO
Severino debruçou sobre o balcão do boteco pediu mais uma cachaça. Não se sabe ao certo quantas havia tomado. Mas a lei gravidade começou a exigir o seu corpo por inteiro ao chão. Cabra rude e de poucas palavras. Sua arcaria dentaria reluzia por conta dos tantos dentes de ouro que possuía, chegando quase a iluminar por completo o seu bigode de sabiá. Ao tomar notícias do plano econômico do governo mergulhou em uma depressão total. O tal plano congelava as contas da poupança de todos os brasileiros. Severino tinha uma pequena economia guardada. Fruto de seu trabalho no garimpo. Naquela mesma tarde recebeu a visita de seu compadre Carijó, que por sua vez veio cobrar um pequeno empréstimo que havia feito a Severino. Sem poder honrar com o compromisso fez uma proposta. O compadre aceitou. O cabra foi em casa e voltou no boteco com um alicate. Pediu mais uma cachaça e aos poucos foi depositando seus dentes de ouro em cima do balcão. Aparentemente a dívida não mais existia.