O SONHO DE ELIODORA
Eliodora olhou novamente para o horizonte, diante dela um imenso lixão, deduziu as horas pela posição do sol, eram quase meio dia.
Sua mãe a chamou, era hora do almoço.
Ela pegou um jornal velho que passava voando e o levou até uma bancada de madeira, onde foram comer. Na marmita apenas arroz e ovo cozido, no jornal a imagem de homens proeminentes, tentando se retratar de mais um escandalo financeiro; ela perguntou a sua mãe:
-Mãe, qual o seu maior sonho?
A mãe sacudiu a poeira do avental e se aprumou na débil cadeira:
-Filha, pobre não sonha, apenas vive!
-Ah, mas eu sou pobre e tenho um sonho!
-Pois então diga, qual é?
-Ser uma juíza, pra colocar todos estes na cadeia e devolver o dinheiro roubado ao povo!
-É um sonho muito nobre e belo, mas sempre será apenas um sonho neste mundo, ainda que seja a mais conceituada juíza minha filha.
-Porque mamãe?
-Porque o mundo é feito de interesses, e eles não permitem que isso aconteça jamais!
-Ah, então meu sonho agora é ser uma escritora! Vou contar histórias, viver de sonhos e não de ilusão...