O NOVO BLOGUEIRO
A Gazeta da serra do Pariri anunciou com grande estardalhaço o nascimento de um herdeiro do coronel Albertino Batista. Há mais de 30 anos não se tinha notícia nos clâs Batistenses. Desde a década de 80 nada movimentava a mansão do coronel octagrenário. O bebê nascera do filho mais novo que se casou com uma argentina nascida na cidade de Rosário. Mercedes chegou àquela região acompanhando o Gran Circo Moscóvis. A artista que se exibia com um maiô cavado logo conquistou a atenção dos homens da região. Mas o único fisgado por ela foi o Ednaldo Batista, herdeiro do mandatário da região. Em pouco mais de seis meses de relacionamento foi aconselhada a engravidar do namorado para garantir o seu futuro. O plano foi traçado, e na primeira tentativa a loira argentina obteve sucesso imediato. A novidade se espalhou pela serra do Pariri chegando até os ouvidos do coronel Paritinga, principal oponente do Albertino Batista. No passado os dois cononéis brigaram muito e transmitiram a rivalidade para os seus descendentes. Mas em meados dos anos 80 a guerra esfriou. Depois da interrupção dos nascimentos de herdeiros os ânimos se esfriaram e até a fama da serra do Pariri e, consequentemente, o fluxo de turistas diminuiu bastante. O clima de paz causava uma certa estranheza entre os moradores no princípio, mas com o passar dos tempos ninguém mais falava na guerra entre as duas famílias. O coronel Paritinga não ficou satisfeito com aquela calmaria. Ele tentou diversas formas reativar a rivalidade, mas não obteve êxito. O fazendeiro vivia sentado na varanda matutando as maneiras "manter" a guerra contra os Batistas. Porém os seus dois filhos não compartilhavam com as idéias "bélicas" do seu velho pai. As intenções deles se resumiam a viagens pelo mundo à procura de aventuras. Do outro lado da serra o coronel Albertino Batista já estava cansado daquela guerra, e por diversos momentos até tentou uma conciliação. Porém desistiu por causa da ranzinza do seu opositor. O nascimento de seu primeiro neto despertou a curiosidade e dúvidas nos Paririenses. Uns se perguntavam se aquele acontecimento iria reativar ou não a rivalidade. Alguns cordelistas até escreveram situações bélicas para garantir o seu sustento. Até na pequena câmara municipal o tema das conversas pairava sobre o novo Batista. O vereador Quintino Lima propôs a criação do dia municipal da guerra. O projeto foi aprovado por unanimidade para homenagear a rivalidade histórica. A argentina Mercedes é que não estava nada satisfeita com os rumores sobre o destino de seu filho. Depois de várias "avaliações" de fotos e comportamento diante das câmeras, a nova mamãe tomou uma "importante" decisão. Depois de toda a espectativa envolvendo o pretenso futuro bélico para o seu filho, a argentina sentenciou que o seu filho seria um famoso blogueiro que iria ganhar muito dinheiro e viajar mundo afora. Essa decisão decepcionou até o diretor da Gazeta Paririrense que havia criado uma extensa reportagem sobre o futuro líder político da cidade, e aí pôs por terra uma grande vendagem de exemplares do periódico interiorano. Assim caminha a modernidade.