O leito 22 (Febre do Empreendedorismo)

O LEITO 22

CAPÍTULO II

A FEBRE DO EMPREENDEDORISMO.

Muitas pessoas passam a vida inteira se desgastando correndo atrás de riquezas, e na maioria das vezes adoecem e gastam tudo o que conquistaram para recuperar a saúde perdida ao longo dos anos. Rory não era diferente e descobrira que a área na qual se formou, não era bem um cartão de visita, para uma cidade tão atrasada como Macapá. Com poucas empresas e indústrias, ser um profissional de Secretariado Executivo, era praticamente um tiro no pé, a menos é claro que o profissional se acomodasse com um salário mínimo, em uma sapataria, como vendedor interno. Mas Rory não passara 4 anos em uma universidade para aceitar um final como este. Debruçado em sua velha mesa de Macacauba, o jovem sonhador perdia-se em seu porfiar. Alimentara seus pensamentos com lembranças nostálgicas e eufóricas, os tempos árduos mas gratificantes em sala de aula. O bom é velho livro de inglês, ainda compunha sua cabeceira, embora o grande Rory sequer dominasse o verbo To be.

Ria todas as vezes que olhava para o livro, com tantas atividades incompletas. Recordara de sua resposta insana, à pergunta que lhe fora feita pela professora de Inglês, em 2010:

Meus bons Alunos, alguém pode construir uma frase, utilizando o verbo “TO BE”?

(Rory) Claro professora, mas valerá algum ponto?

Ora Rory, não recompensa maior do que saber que se está evoluindo. Mas já que perguntaste, diga-me uma frase utilizando o verbo TO BE.

(Rory) Fácil demais Professora!

EU TO BE NA MESA! 😌😁😁

Uma tsunami de risos devastou a aula naquele instante, até mesmo a professora não conteve-se, apesar de que diante de seus poderes DOCENTES, ela precisara tempos mais tarde, reprovar Rory por suas péssimas notas em sua disciplina.

Rory estava inquieto naquela manhã de domingo, mesmo sorrindo entre uma lembrança e outra de suas discrepâncias acadêmicas, ele ainda martirizava-se diantes dos desafios mercadológicos que enfrentaria para enfim, engrenar seu mecanismo de sucesso. Participara de todas as palestras empresariais do Estado do Amapá, inscreveu-se em centenas de cursos no SEBRAE. Na visão de Rory, os empresários eram as pessoas mais ricas do planeta, e até citava os nomes de empresários famosos como: Richard Branson e Donald Trump, Oprah Winfrey e

Steve Jobs, Rupert Murdoch e Ted Turner. O que o jovem Rory não internalizara, era o fato de que a maioria dos empresários ricos são pessoas sobre as quais você e eu nunca ouvimos falar, porque não querem a atenção da mídia; apenas curtem tranquilamente suas riquezas.

Começara no coração de Rory, a febre pelo empreendimento. Sua meta era tornar-se um empresário bem sucedido da alta cúpula amapaense. Lançou-se de cabeça em seu primeiro empreendimento, em sociedade com um de seus tios: Astrogildo, pescador conhecido no distrito do Bailique. Rory não era exatamente o empresário engravatado que sonhara, todavia fora ali, “NO MEIO DO PITIU”, que ele comecara a erguer seu capital.

O tio fornecia o pescado e o jovem era responsável pela venda, em uma pequena barraca no Igarapé das Mulheres. Não demorou muito para que ele contratasse outras duas pessoas para lhe ajudar, com as vendas exalando mais do que o PITIU em suas roupas, Rory logo alugou um ponto comercial próximo da praça Zaguri. Arriscou-se a vender o peixe já assado, e oferecera aos clientes que optavam por almoçar em seu estabelecimento, uma CUIA de açaí. Os tempos foram bons para o jovem sonhador, em 1 ano de trabalho duro, Rory decidira vender sua parte do empreendimento ao seu tio Astrogildo, e tentar novos ares. A febre do empreendedorismo fervilhava nas veias de Rory, e ele quisera arriscar tudo na conquista do tão sonhado sucesso.

No coração e na mente do jovem, não havia espaço para romances, lazer, resenha com amigos. Tudo ficara no passado, nas boas lembranças do seu tempo acadêmico. O foco fora somente empreender. Sabe-se que para todo empreendedor há riscos, baixas, perdas. E sabedor de tudo isso, Rory tornou-se um aventureiro, experimentando de tudo o que o mercado pudera lhe oferecer. Conheceu o mercado multinível, arriscou desde Hinode, até colchões nipponflex. Ganhou e perdeu dinheiro, caiu e levantou. Quebrou e reergueu-se diversas vezes, e não havia naquele instante medicamento que baixasse sua febre empreendedora.

Hámilson Karf
Enviado por Hámilson Karf em 01/03/2018
Código do texto: T6267808
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