O leito 22
O LEITO 22, por Hámilson Carf.
No auge de seus 28 anos, Rory havia alcançado o que poucos em sua idade alcançara. Jovem bem sucedido, de boa aparência e índole. Tornou-se um ícone na Universidade federal do Amapá, devido os seus audaciosos projetos empreendedores. Ele era um símbolo de inovação para os seus colegas de classe. Dizia ele que: “O sucesso é um coletivo, se você se atrasa para chegar ao ponto, não chegará ao seu destino”. Com esta e muitas outras palavras de ordem e efeito, lá estava ele: O fabuloso Rory, o profissional de Secretariado Executivo exemplar, curso este que ele defendia com ímpeto. Iniciara o curso de Secretariado Executivo, em 2010, sem jamais sonhar, que após sua colação de grau em 2014, o curso seria extinto 2 anos depois.
Pela paixão que tivera pelo curso, é provável que ele acorrentasse o seu corpo no saudoso bloco H, impedindo ou ao menos tentando impedir que a “mãe” UNIFAP, MATASSE um filho (Secretariado Executivo), para por no berço pronto do falecido filho, o curso de ADMINISTRAÇÃO.
Embora Rory fosse destemido, sabia que fora da UNIFAP, não poderia lutar contra a extinção do curso. Nas arquibancadas do destino, fora obrigado a assistir uma geração acadêmica apática, desnutrida e omissa ao fechamento do curso que ele, com tanto orgulho defendia.
Embora muitos fechassem os olhos para a barbárie cometida pela UNIFAP, Rory olhava com a alma sangrando para o fato de ter um diploma de um curso falido, aliás, de um curso assassinado para que outro sub existisse em seu lugar.
Em suas resenhas com alguns poucos amigos que lhes restara da antiga vida acadêmica, Rory contara eufórico como havia sido cada um de seus estágios. As experiências obtidas ao longo dos 4 anos de curso, coroavam-lhe de glória. O destaque sempre fora o protótipo criado para fomentar as tomadas de decisões na CGU, onde o jovem Rory, surpreendeu a todos. O que nunca fora mistério para ninguém, e Rory sempre deixara claro, é que: “Para uma mente brilhante espargir sua luz, é necessário que outra mente ainda mais brilhante ligue o interruptor”. Esta frase fazia referência ao seu mentor, professor Saimon, que dedicara 2 anos de sua vida junto ao seu acadêmico braço direito: Rory, à elaboração de um protótipo. Esse vínculo acadêmico, gerou entre mestre e aluno, uma amizade muito forte que rompia os muros pálidos da universidade. Embora professor e aluno fossem completamente diferentes, os ideais e pensamentos em muitas estradas filosóficas, cruzavam-se.
Na visão de Rory, ninguém além do Professor Saimon, seria melhor coordenador do curso de Secretariado. Isso porque o recatado mestre, era capaz de declarar guerra pelo curso. Mas nas trincheiras do poder e interesses institucionais, os patriotas são os primeiros a serem “mortos”, e as estratégias para que isto ocorra, são as mais sujas possíveis. Afastado do curso por motivos fantasiosos e manipuladores, Saimon tornou-se inofensivo, não apresentara perigo algum, para o que estaria por vir em 2016.
Academicamente, Rory via suas maiores realizações morrerem. O projeto de extensão que ele participara por 3 anos, compartilhando conhecimento nos interiores do Estado do Amapá, tornara-se apenas história, o projeto de maior expressão na UNIFAP, extinto por causa dos caprichos e ego, de uma coordenação vendida e, fracassada intelectualmente.
Para muitos, seria o fim da estrada profissional, enterrada junto com o curso extinto, seria “DAR MURROS EM PONTAS DE FACA”, porém para Rory, era a confirmação de que ele estara no caminho certo. E assim com uma história acadêmica projetada ao fracasso, o jovem brilhante aceitou o desafio de mostrar ao seu Estado, que ser um profissional de Secretariado Executivo, estava muito além de atender telefone e “servir cafezinho”...
Continua...