a felicidade no papel

Enfim, Bernardo resolveu imprimir uma mudança radical na sua vida: entraria para a academia! Isso lhe renderia músculos, saúde, um melhor preparo físico e... garotas! Garotas essas que lhe renderiam beijos ardentes, sexo, carinho, sexo, amor e... eu já disse sexo? Um dos procedimentos necessários seria um atestado médico que o liberasse para a prática de exercícios físicos. Agendou uma consulta, estava envergonhado por não saber como chegar ao Dr. e dizer a verdade: que só estava lá pelo maldito pedaço de papel.

- E então, por que estamos aqui? Disse o Dr.

- Bom, eu quero um atestado, o senhor deve querer dinheiro. Bernardo pensou isso, mas não teve coragem de dizer.

- Err... é que eu vou entrar para a academia, sabe...

- Ahhh, quer dizer que você vai entrar na academia e precisa de um atestado, né? Seu filho da puta, deveria ter ido procurar então um clínico, e não um dermatologista! Se você estivesse com hemorroidas, procuraria um otorrino? Se estivesse com prisão de ventre, procuraria um neurologista? Vai ver que sim, porque você só pode ter merda na cabeça!

- Dr., e a ética médica? O sr. não pode falar assim comigo!

Disse Bernardo, guaguejando.

- Ética, ética... eu estudei medicina para salvar vidas, e não para cuidar de adolescentes espinhentos e dar atestados médicos! Mas já que você pagou a consulta, vamos lá... quantos anos você tem?

- 19.

- Você veio para cá sozinho?

- Sim, Dr.

- Você é sexualmente ativo?

"Ué, ele tá achando que eu sou um homossexual passivo?" Pensou Bernardo, antes de responder.

- Não...

- Mas você se masturba ao menos, né?

- Sim. Respondeu Bernardo num misto de vergonha e frustração, já que estava com 19 e não tinha comido ninguém ainda.

- Você conseguiu chegar até o meu consultório sozinho?

- Sim, lógico.

Após cada resposta, o Dr. fazia algumas anotações que Bernardo pensava serem algo sério, algum estudo sobre seu estado de saúde.

- Então, você é um jovem perfeitamente normal, toma aqui o que você veio buscar.

Era o tal atestado.

=)

A felicidade pode ser representada por um pedaço de papel? Reflita