Menina Estrela, Hanabi-men e outros apelos insensatos.

Complexo de Homúnculo.

Daqueles que buscam propósito na vida alguns mais insanos acabam por concluírem que o propósito do homem é se tornar Deus, mesmo que essa conclusão não seja declarada ou explicita, existem aqueles que procuram em sua jornada uma maneira de conquistar aquilo que somente Deus tem, Poder, infindo, inimaginável, o tipo de poder que dá significado ao termo "Onipotência", mas que pobre e infeliz Homúnculo é o humano não?

Uns dedicam suas vidas ao imediatismo e vivem cada dia como o último, talvez por em seu cerce terem consciência da fragilidade de sua existência, por isso se obrigam a desgastar-se a cada dia, pois assim sentem-se vivos, por outro lado existem aqueles que almejam a eternidade, buscam por ela desesperadamente e quando se frustram ao lidar com a obsolescência programada de suas formas biológicas, acabam por almejarem a eternização de seus pensamentos, deixando assim o que batizam de "legado", algo para as gerações futuras.

Mas acredito que exista um motivo para que esses desejos por vida e propósito se manifestem dessa forma, acredito que exista uma razão para o intrínseco vazio existencial o qual todos nós dividimos em comunhão, porém só alguns o identificam como parte latente da alma que habita o corpo, e afirmo de antemão que essa razão não é gentil, mas talvez por isso seja fácil de acreditar na realidade dela, por mais amargo que soe.

Somos abjetos, desprezíveis, criação infame que após tomar consciência da existência busca em seu patético ciclo algo que o torne pleno, pois não conseguimos nos sentir realizados, não conseguimos ser tudo que almejamos, e apesar de existir um desejo absoluto por ser algo além da casca, a verdade é que apenas buscamos imitar aquilo que entendemos como divino, aquilo que nos espelhamos e tentamos atingir, pois para esse criador tudo parece possível, tudo parece fácil, como se a tristeza, o vazio, a solidão e a incerteza não fizessem parte da realidade superior deste que é realizado plenamente.

Somo apenas Homúnculos, enlouquecidos por sermos incompletos, invejosos e hostis a todos que se aproximam de nosso real propósito, criados por experimento, ou prazer, talvez por acidente, fadados a um ciclo mortal que parece longo de mais para muitos de nós e ainda sim infimamente pequeno para aqueles que almejamos ser.