Menina Estrela, Hanabi-men e outros apelos insensatos.

Síndrome da água-viva.

Vivemos em um imenso mar, pelo concreto construído e o asfalto desgastado, somos parte desse mar infindo que se movimenta em um contínuo vai e vem, quem olha com cuidado pode ver a diversidade explícita dos grandes tubarões temidos pelos cardumes sincronizados que se colocam a nadar em bando no intuito de sobreviver, também temos os crustáceos que se escondem em suas cascas e se alimentam de maneira confortável e conformista dos restos, das ovas, das espinhas e vísceras deixadas pelos predadores.

No geral aqueles que observam com atenção podem ver as mais variadas personalidades se manifestarem por entre nossos recifes de cimento e correntes de fumaça, criaturas que já viveram tanto em plena escuridão que hoje são uma imagem distorcida e deprimente, porém fortes por terem se forjado pelo penumbra solitária dos confins desse infinito, temos também aqueles que são espalhafatosos e coloridos e se utilizam disso para ocultar sua fragilidade, e temos aqueles perigosos e camuflados que praticamente se fundem ao ambiente e se tornam armadilhas mortais aos desavisados, mas dentre todas essas variedades tem aqueles que sofrem da síndrome da água-viva.

Estes nada mais são do que corpos gelatinosos que vagam com sua transparência por entre todos os demais, apenas seguem as correntezas e se abstêm das incertezas, são quase que conformistas, e acaso se aproximem de mais de outros podem feri-los gravemente com seus tentáculos invisíveis, mas não pensem que são seres perigosos, eles não são hostis ou sequer predadores, a realidade é que muitos que se ferem dessa forma cruzaram ao acaso o caminho desses seres e se deixaram tocar de maneira insensata.

Vivemos em um grande mar, de predadores, crustáceos, cardumes e até de belezas singelas, e nenhum desses jamais será tão problemático quanto aqueles que vagam pelo mar da vida como água-viva.