Luta Artística
O tempo era chuvoso.
Eu estava apenas observando os carros passarem enquanto tomava uma grande xícara de café para o meu gênio.
Daqui a instantes escreveria romance.
Meu nome é Fernando, e eu sou romancista, na verdade ainda não praticamente falando, nem comecei, desculpe-me a ousadia. No futuro eu sou. No meu sonho eu sou.
E então eu bebi o último gole e fui para a minha escrivaninha.
Começo. Um parágrafo. Receio. Lixo. Outro papel. Dois parágrafos. Receio. Lixo. Outro. Quatro parágrafos. Receio. Também é lixo. Agora vai?! Papéis. Melhorei. Um capítulo. Medo. Seu lugar na lixeira.
Tristeza. Remédio para insônia.
Cama para sonhar sonhos que desejaria depois escrever. Sei que sonho coisas legais, mas a memória é cruel, pelo menos oniricamente.
E eu aceito lutar todos os dias contra o bloqueio criativo, contra o medo do público, e do desconhecido. Três contra um. E eu vou lutar até que um dia saia algo pra você poder ter por um tempo na cabeceira da sua cama.