Fiéis até...

Todos tristes, afinal Carlos era muito querido, era unanimidade entre familiares, amigos e colegas de trabalho, pessoa tida como honesta, íntegra e sempre que podia ajudava a todos sem distinção. Um grande coração que deixará saudades a todos seus filhos, inconsoláveis, um casal, a menina com treze anos e o garoto com quinze, adoravam o pai e não entendiam a morte prematura de seu genitor. Era jovem, tinha 45 anos e morrera com um ataque fulminante, tinha um corpo atlético, não era afeito a prática de esportes, mas fazia suas caminhadas e se alimentava dentro do razoável, de maneira saudável, por isso todos foram pegos de surpresa com seu falecimento.

A esposa, uma jovem de seus 40 anos, branca, cabelos castanhos escuros, corpo bem feito, rosto pode-se dizer de uma relativa beleza, se encontrava aos prantos, seus filhos e colegas de culto tentavam animá-la e apoiá-la, afinal era um modelo de esposa, mãe e evangélica a toda prova. Todos exaltavam suas virtudes cristãs, se casais se encontravam com problemas conjugais, era ela que aconselhava, se tornou um membro imprescindível na igreja, o pastor exaltava nos cultos as qualidades do casal, que era modelo para todos.

O velório era uma tristeza só, todos inconsoláveis, o pastor Marlatério, que chegara e com lágrima nos olhos se dirigia à viúva e aos filhos:

__ Deus sabe o que faz, ele estará com o senhor, Deus não faltará, se Deus o chamou é porque ele tem suas razões, ele estará com Deus, que o confortará, cuidará de vocês, ele é misericordioso e os ama.

__ Ah pastor, o que será de nós?

__ Irmã, não se preocupe, Deus proverá.

__ Pastor, e a santinha, por que não veio?

__ Ah irmã, ela ficou inconsolável, achei melhor deixá-la, ela falou que não gostava de velório e que poderia se sentir mal, não insisti, é melhor assim.

E todos tristes e ao mesmo tempo exaltando as qualidades do morto.

Ao chegar em casa, depois do velório, Clara, era seu nome, todos a chamavam de dona Clarinha, deixara o filhos com os avós paternos, dissera a todos que queriam acompanhá-la que queria refletir sobre a sua vida e a dos filhos e que, portanto, sozinha pensaria melhor. Assim fez, dirigira-se ao escritório do marido, no qual raríssimas vezes entrava, e isso sempre gerava desconfianças, mas não falava ou insinuava ao marido, afinal ela tinha provas e provas do seu amor, inúmeras vezes demonstrava seu amor por ela.

Antes de vasculhar o escritório do falecido, liga para o pastor chamando-o para sua casa.

__ Oh Clarinha, até enfim sós!

__ Ah Marlatério, agora podemos sair à vontade, como Deus é bom! Não aguentava mais!

__ E eu! Com a Santinha, mulher insuportável, você teve sorte, e eu? Que farei? Não sei, não sei, vou ao banheiro.

Clara abre uma gaveta na qual o marido guardava vários pen drives, nos quais escrevera “louvores”, mas ele nunca mostrara esses pen drives a ela, ele se trancava nesse escritório e só saía para dormir. Ela pega um e coloca na TV.

__ Pilantras! Vagabundos, traidores!!!__ Clara pronunciava aos berros e aos prantos.

__ Que foi, Clarinha?? O que é?

Na tela aparecia o finado e a Santinha na maior sacanagem que não deixaria a desejar a qualquer filme pornô.

__ Vagabundos!!! Fomos traídos, Clarinha!!

13/02/18

Genivaldo Ribeiro
Enviado por Genivaldo Ribeiro em 13/02/2018
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