A Psicóloga, a Diarista e o Amante.
O conto acima está em meu livro A Moça do Violoncelo, que tem ainda Estrelas (poesias), pois trata-se de dois livros em um. 171 páginas, com orelhas e posfácio da professora e escritora Tânia Orsi Vargas. Editoração: Fernando Estanislau. Impressão: Editora O Lutador. Restam poucos exemplares. R$20,00 (frete incluso) Interessados, façam contato. Antecipo agradecimentos.
Ana Claudia trabalha como diarista. Competente e organizada, a sua agenda está sempre cheia. A contragosto, costuma trabalhar um ou outro sábado, especialmente para a Psicóloga Dra. Vera Schmidt Gutierrez de Bragança que mora sozinha em uma mansão na Pampulha. Ana Claudia prefere tirar a poeira dos móveis, ilustrar os talheres de prata, a ter que ouvir as longas histórias de sua ilustre cliente.
Para Ana, uma mulher do povo, a patroa era mesmo uma ilustre PRD (Prosa Ruim e Demorada). Mas não podia perder uma cliente que não pechincha e não se preocupa com custo-benefício. Não questiona o serviço, paga e presta favores à diarista, indicando-lhe clientes de mãos e bolsos abertos.
Depois de liberada, Claudia só pensa em correr até Pedro e regozijar-se em seus braços, depois de uma semana agitada. Ao se despedir e entrar em seu Uno 95 faz um ar de ai meu Deus, ninguém merece! Mas sorri olhando a carteira recheada e ao se lembrar do membro ereto de Pedro, sim, Pedro, forte como uma pedra e delicado como uma flor.
Para os parâmetros de grande parte das brasileiras, Ana Claudia vive confortavelmente. Tem casa própria, um carro, celular pré-pago e uma parafernália eletrônica, mas sem tempo para usufruir. Se cuidasse de sua casa como cuida da dos outros, seria um primor. Ela diz não ter tempo, afinal em casa de ferreiro o espeto é de pau, responde quando é questionada pelas amigas, porque Pedro não está nem aí. Coitado, diz com um sorriso de felicidade, quem prepara o almoço de domingo e lava as vasilhas é ele.
Ana descobriu que tem uma coisa em comum com sua cliente da alta sociedade: ambas moram sozinhas. "Só que eu tenho Pedro, que sempre me visita, para bebermos cerveja e fazer amor".
- A doutora, conta para Pedro, não tem ninguém. Nem um gato a porra da mulher tem, para fazer-lhe companhia! Diz com indignação.
- Você mora sozinha porque quer, Claudia, contrapõe Pedro .
- Sim, acho que ela também! Não sei, acho que ela é solitária por ser muito chata, cheia de não me toques. E não é feia! Eu moro sozinha, mas não sou solitária, não estou abandonada, não é Pedro? Só estalar os dedos você vem correndo... adoro tudo isso.
- Vai pensando, responde Pedro, abraçando-a, um dia deste ou você se casa comigo ou me mando.
- Mentiroso, replica Claudia, você jamais me abandonará e se acontecer, está assim, ó, de homens na fila.
- Ah é? Mas não farão você gozar, como eu faço, retruca Pedro.
Claudia, toda vez, principalmente aos sábados, quando está trabalhando para a doutora, você sempre chega tarde, demora demais!
- Nem queira saber por que. O trabalho só não é mais chato, porque ela paga bem, mas você não imagina o tormento! - Responde a amante enquanto lixa as unhas das mãos.
- É mesmo? Será que vale a pena? - questiona Pedro, lustrando as panelas do almoço.
- Olha a torneira aberta, precisamos economizar água, meu bem. Já ouviu falar em aquecimento global? - esbraveja Ana, quase caindo da cadeira.
- Então vem lavar, ambientalista de meia tigela, aqui ó, pra você, diz Pedro levando a mão ao pau.
- Nem morta, agora é a sua vez de esfriar a barriga e a pica no tanque, seu tarado. Minha vulva está dolorida de tanto, ai... ai... ai... Gostou do nome? Vulva... Aprendi com Vera, diz Ana, enquanto massageia o rosto.
- Vulva? Você é uma desbocada, nome horroroso – rebate Pedro, enquanto organiza as vasilhas no armário.
- É o órgão genital feminino, seu analfabeto, diz levantando-se e passando a mão na bunda do amante.
- Ah, para com isso, não gosto quando passa a mão em minha bunda. Só não me importo quanto estamos trepando – resmunga Pedro.
- Deixa de ser machista, meu bem, os tempos mudaram – ensina Claudia – e não trepamos, seu grosso, fazemos coito ah ah ah!
- Vulva, órgão genital, coito, isso sim são palavrões. Traduza pra este ignorante e machista, que te enlouquece na cama – esnoba Pedro.
- É o que eu tenho no meio das pernas. Boceta!
- E como se chama o que eu tenho no meio das pernas? Vamos sabidona! - desafia Pedro.
- Ah cara, muito fácil! Pênis, mas eu prefiro piroca, cacete, pau, jiboia – responde Ana com uma sonora gargalhada.
- Mas você não me respondeu porque demora, acho que esta psi o quê? Doutora Schmidt é sapatão e está afim de você – provoca Pedro.
- Ah me poupe. Ela é uma mulher de respeito, nunca se insinuou para mim, mas, pode ser e daí? Qual o pobrema?
- Não é pobrema sua anta, problema! É assim que se diz, pobrema é de pobre.
Pedro falou em tom professoral, balançando a xícara de estimação da namorada.
- Cuidado com minha xícara, porra. Não dou mais pra você, idiota! Agora quer ensinar padre nosso pra vigário? retrucou Claudia exibindo o batom vermelho.
- Isto é o que veremos. A cozinha está arrumada e quando você fala comigo deste jeito me dá um tesão – respondeu Pedro, colocando o pênis ereto pra fora da braguilha.
Ana Claudia sorriu e eles se abraçaram.
- Falando sério, Pedro, às vezes tenho pena da Doutora Vera. Toda vez que me chama para fazer limpeza aos sábados, a gente fica mesmo é conversando. Ela me oferece licores, vinho do Porto, uma delicia, conta casos. Fala da vida dela, uma tristeza. Eu falo que preciso arrumar a casa e ela diz, “deixa pra lá, vamos conversar”, e ela vai me segurando, segurando... Uma conversa chata de dar dó. Você acredita que ela, outro dia me falou de consciente, inconsciente, sub consciente de um tal Froide? Id, ego, superego. Uma chatice. De tanto repetir estes nomes, acabei decorando. Ela encontrou o ex na cama deles, com a mãe dela, que horror! Tem hora, eu penso, ela não anda bem da cachola, está ficando pancada...Lamentou Claudia.
- Também pudera! De tanto conversar com doido acaba se tornando um – disse Pedro com ar de entendido, para concluir, vai ver a sogra era mais gostosa!
- Não brinque, isto é grave. Ela teve uma vida muito difícil. O ex foi mesmo morar com a sogra. Pra você ver como são as coisas. Uma mulher rica, muito conceituada, dá entrevista pra televisão, você precisa ver a casa dela! Linda, linda, linda... Dois carrões na garagem. Ela não tem uma companhia, você acredita? Conta cada caso escabroso, ah, ela é infeliz...Muito infeliz. Não sei porque desabafa comigo! Outro dia ela me ofereceu um baseado...
- Sério? Claudinha, meu bem, não estou interessado na vida da grã-fina, vamos ver aquele filme pornô, vamos?
- Vamos meu bem! Mas não vem que não tem, estou morta, talvez até durma durante o filme.
- Du-vi-de-o-dó, você tem fogo no rabo...
- Tá bom, tá bom, vamos! Mas antes me responda: - Você é feliz com sua baixinha da bunda grande? Que prepara o melhor bolinho-de-chuva do mundo?
- Sou o homem mais feliz do mundo, respondeu Pedro agarrando Claudia, bejando-a.
E mais uma vez rolaram sobre o colchão estendido em frente a TV. Depois de mais uma seção de sexo, dormiram abraçados.
Enquanto isso a psicóloga de grã-finos engolia um antidepressivo.
Para Ana, uma mulher do povo, a patroa era mesmo uma ilustre PRD (Prosa Ruim e Demorada). Mas não podia perder uma cliente que não pechincha e não se preocupa com custo-benefício. Não questiona o serviço, paga e presta favores à diarista, indicando-lhe clientes de mãos e bolsos abertos.
Depois de liberada, Claudia só pensa em correr até Pedro e regozijar-se em seus braços, depois de uma semana agitada. Ao se despedir e entrar em seu Uno 95 faz um ar de ai meu Deus, ninguém merece! Mas sorri olhando a carteira recheada e ao se lembrar do membro ereto de Pedro, sim, Pedro, forte como uma pedra e delicado como uma flor.
Para os parâmetros de grande parte das brasileiras, Ana Claudia vive confortavelmente. Tem casa própria, um carro, celular pré-pago e uma parafernália eletrônica, mas sem tempo para usufruir. Se cuidasse de sua casa como cuida da dos outros, seria um primor. Ela diz não ter tempo, afinal em casa de ferreiro o espeto é de pau, responde quando é questionada pelas amigas, porque Pedro não está nem aí. Coitado, diz com um sorriso de felicidade, quem prepara o almoço de domingo e lava as vasilhas é ele.
Ana descobriu que tem uma coisa em comum com sua cliente da alta sociedade: ambas moram sozinhas. "Só que eu tenho Pedro, que sempre me visita, para bebermos cerveja e fazer amor".
- A doutora, conta para Pedro, não tem ninguém. Nem um gato a porra da mulher tem, para fazer-lhe companhia! Diz com indignação.
- Você mora sozinha porque quer, Claudia, contrapõe Pedro .
- Sim, acho que ela também! Não sei, acho que ela é solitária por ser muito chata, cheia de não me toques. E não é feia! Eu moro sozinha, mas não sou solitária, não estou abandonada, não é Pedro? Só estalar os dedos você vem correndo... adoro tudo isso.
- Vai pensando, responde Pedro, abraçando-a, um dia deste ou você se casa comigo ou me mando.
- Mentiroso, replica Claudia, você jamais me abandonará e se acontecer, está assim, ó, de homens na fila.
- Ah é? Mas não farão você gozar, como eu faço, retruca Pedro.
Claudia, toda vez, principalmente aos sábados, quando está trabalhando para a doutora, você sempre chega tarde, demora demais!
- Nem queira saber por que. O trabalho só não é mais chato, porque ela paga bem, mas você não imagina o tormento! - Responde a amante enquanto lixa as unhas das mãos.
- É mesmo? Será que vale a pena? - questiona Pedro, lustrando as panelas do almoço.
- Olha a torneira aberta, precisamos economizar água, meu bem. Já ouviu falar em aquecimento global? - esbraveja Ana, quase caindo da cadeira.
- Então vem lavar, ambientalista de meia tigela, aqui ó, pra você, diz Pedro levando a mão ao pau.
- Nem morta, agora é a sua vez de esfriar a barriga e a pica no tanque, seu tarado. Minha vulva está dolorida de tanto, ai... ai... ai... Gostou do nome? Vulva... Aprendi com Vera, diz Ana, enquanto massageia o rosto.
- Vulva? Você é uma desbocada, nome horroroso – rebate Pedro, enquanto organiza as vasilhas no armário.
- É o órgão genital feminino, seu analfabeto, diz levantando-se e passando a mão na bunda do amante.
- Ah, para com isso, não gosto quando passa a mão em minha bunda. Só não me importo quanto estamos trepando – resmunga Pedro.
- Deixa de ser machista, meu bem, os tempos mudaram – ensina Claudia – e não trepamos, seu grosso, fazemos coito ah ah ah!
- Vulva, órgão genital, coito, isso sim são palavrões. Traduza pra este ignorante e machista, que te enlouquece na cama – esnoba Pedro.
- É o que eu tenho no meio das pernas. Boceta!
- E como se chama o que eu tenho no meio das pernas? Vamos sabidona! - desafia Pedro.
- Ah cara, muito fácil! Pênis, mas eu prefiro piroca, cacete, pau, jiboia – responde Ana com uma sonora gargalhada.
- Mas você não me respondeu porque demora, acho que esta psi o quê? Doutora Schmidt é sapatão e está afim de você – provoca Pedro.
- Ah me poupe. Ela é uma mulher de respeito, nunca se insinuou para mim, mas, pode ser e daí? Qual o pobrema?
- Não é pobrema sua anta, problema! É assim que se diz, pobrema é de pobre.
Pedro falou em tom professoral, balançando a xícara de estimação da namorada.
- Cuidado com minha xícara, porra. Não dou mais pra você, idiota! Agora quer ensinar padre nosso pra vigário? retrucou Claudia exibindo o batom vermelho.
- Isto é o que veremos. A cozinha está arrumada e quando você fala comigo deste jeito me dá um tesão – respondeu Pedro, colocando o pênis ereto pra fora da braguilha.
Ana Claudia sorriu e eles se abraçaram.
- Falando sério, Pedro, às vezes tenho pena da Doutora Vera. Toda vez que me chama para fazer limpeza aos sábados, a gente fica mesmo é conversando. Ela me oferece licores, vinho do Porto, uma delicia, conta casos. Fala da vida dela, uma tristeza. Eu falo que preciso arrumar a casa e ela diz, “deixa pra lá, vamos conversar”, e ela vai me segurando, segurando... Uma conversa chata de dar dó. Você acredita que ela, outro dia me falou de consciente, inconsciente, sub consciente de um tal Froide? Id, ego, superego. Uma chatice. De tanto repetir estes nomes, acabei decorando. Ela encontrou o ex na cama deles, com a mãe dela, que horror! Tem hora, eu penso, ela não anda bem da cachola, está ficando pancada...Lamentou Claudia.
- Também pudera! De tanto conversar com doido acaba se tornando um – disse Pedro com ar de entendido, para concluir, vai ver a sogra era mais gostosa!
- Não brinque, isto é grave. Ela teve uma vida muito difícil. O ex foi mesmo morar com a sogra. Pra você ver como são as coisas. Uma mulher rica, muito conceituada, dá entrevista pra televisão, você precisa ver a casa dela! Linda, linda, linda... Dois carrões na garagem. Ela não tem uma companhia, você acredita? Conta cada caso escabroso, ah, ela é infeliz...Muito infeliz. Não sei porque desabafa comigo! Outro dia ela me ofereceu um baseado...
- Sério? Claudinha, meu bem, não estou interessado na vida da grã-fina, vamos ver aquele filme pornô, vamos?
- Vamos meu bem! Mas não vem que não tem, estou morta, talvez até durma durante o filme.
- Du-vi-de-o-dó, você tem fogo no rabo...
- Tá bom, tá bom, vamos! Mas antes me responda: - Você é feliz com sua baixinha da bunda grande? Que prepara o melhor bolinho-de-chuva do mundo?
- Sou o homem mais feliz do mundo, respondeu Pedro agarrando Claudia, bejando-a.
E mais uma vez rolaram sobre o colchão estendido em frente a TV. Depois de mais uma seção de sexo, dormiram abraçados.
Enquanto isso a psicóloga de grã-finos engolia um antidepressivo.
O conto acima está em meu livro A Moça do Violoncelo, que tem ainda Estrelas (poesias), pois trata-se de dois livros em um. 171 páginas, com orelhas e posfácio da professora e escritora Tânia Orsi Vargas. Editoração: Fernando Estanislau. Impressão: Editora O Lutador. Restam poucos exemplares. R$20,00 (frete incluso) Interessados, façam contato. Antecipo agradecimentos.