ÁGUA DE BRASA
Um fogão de lenha que nunca esfriava.
Uma trempe com quatro bocas.
Um bule sempre com café quentinho no canto.
No suspiro de chaminé, São Benedito e um copo com água.
Brasas vermelhinhas no braseiro.
Numa leiteira velha de alumínio,
Dona Ambrosina colocava água para ferver.
Em seguida, com um pegador de brasas,
Ela ia benzendo o braseiro e colocando as brasas incandescentes
Dentro da leiteira velha com água fervendo.
Fazendo um sinal em cruz ela ia soltando as brasas, uma a uma dentro da leiteira.
Ao completar o número de sete brasas, ela pedia ao Senhor a bênção.
As brasas iam até o fundo da vasilha e boiavam.
As que não boiavam significava a intensidade do susto.
Quando nenhuma brasa subia, era susto muito forte.
- Oia, ficaro cinco brasa no fundo, coitadinha, tá muito assustada! Dizia dona Ambrosina, olhando firmemente nos olhos de Sofia, uma menina que estava recebendo o benzimento.
Em seguida, tirou as brasas da água e num copo, serviu um pouco da água para Sofia tomar.
-Vai cum Deus mia fia agora as lombriguinha do cê vai acarmá! Exclamou dona Ambrosina.
Na roça se curava assim também.
É isso aí!
Acácio Nunes