Como surgem os escritores

Sentada ao fundo da sala, tímida, retraída, com poucos amigos, inteligente, tirava boas notas, atenta à tudo que os professores ensinavam, porém, nunca ousava levantar a mão e sanar suas dúvidas; assim era Diana, 14 anos, no último ano do Ensino Fundamental.

Mesmo com essa dificuldade de se comunicar, ela carregava dentro de si um desejo de ser vista dentro daquela sala, de destacar por algo, gostava muito de ler e escrever, possuía anseios de ser alguém mais, alguém além daquela aluna envergonhada esquecida no canto da sala.

Dentro daquela sala havia muita competição, no quesito notas então, ai de quem tirasse nota maior que Fabiana, a mais popular da sala, seria motivos de olhares fuziladores pelo resto do ano, sem contar que ela fazia desenhos lindos.

Diana tinha um coração bom, por mais que fosse humilhada as vezes, por sua forma de ser, ou até por ter tirado notas maiores, nunca foi motivo para despertar nela um espírito de vingança ou raiva.

Certo dia a professora Ana, de português, pediu que todos fizessem uma poesia, pois as mais votadas teriam a oportunidade de participar do grande festival da escola, que seria em breve.

Diana, ao fundo da sala, baixou a cabeça e escreveu como nunca, pois sempre sonhara em participar do temido festival. Fabiana foi a primeira a terminar, sendo muito elogiada pela professora, como sempre. Lidas todas as poesias e feita a votação, Fabiana venceu pela grande maioria dos votos, e então, uma tristeza muito grande tomou conta de Diana, pois o esforço havia sido redobrado.

No dia seguinte, a professora foi até a carteira de Diana:

- Diana, resolvi abrir uma exceção, sua poesia ficou muito boa, você tem uma semana para decorar e você vai sim participar do festival!

Aqueles olhinhos lacrimejados e tristes ganharam brilho e ela só pensava em ir correndo para casa decorar sua poesia e dar o seu melhor.

E chegou o grande dia, a escola estava linda, muitos enfeites, pessoas de outras escolas, Diana ficou um pouco apreensiva com tanta gente. Fabiana declamou sua poesia lindamente, todos aplaudiram em pé. Finalmente a vez de Diana, mãos suadas e geladas, sobe ao palco, olha o público imenso, e assim cada palavra daquela poesia foi fluindo de maneira encantadora, da qual nem ela mesma acreditava.

Foi para casa saltitando como uma criança quando ganha o brinquedo tão esperado. Coloca seu troféu na estante e senta no sofá para admirá-lo, aquela alegria que explodia por dentro, junto com uma pontinha de orgulho e sensação de dever cumprido.

Daniela Farias de Souza
Enviado por Daniela Farias de Souza em 22/01/2018
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