A ADOÇÃO SOCIOAFETIVA

Luís Carlos era um surfista de 18 anos, que morava em Aracaju, com sua mãe, nas imediações da Universidade Federal do Sergipe. Pegava onda na praia da Atalaia, nos fins de tarde, pois não dava muita atenção aos estudos. Ia às vezes à faculdade de Educação Física, que cursava na Unit.

Luís Carlos conheceu, num dos fins de semana, Ana Maria, uma jovem de 17 anos, que era muito bonita.

Conversa vai, conversa vem, e os dois já estavam namorando.

Mas Luís Carlos não estava muito preocupado com uma profissão, e, mesmo assim, engravidou Ana Maria.

Ana Maria comunica, meses depois, por mensagem de celular, que Luís Carlos seria pai, pois um teste de farmácia atestava à gravidez, após atraso na menstruação da adolescente.

Luís Carlos continuou surfando na Atalaia, enquanto Ana Maria brigava com a mãe dela, numa casa da periferia de Aracaju, pois a mãe sabia o quanto a criança poderia pesar no parco orçamento familiar.

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5 anos passam e Ana Maria cria, sozinha, Letícia, a filha linda da aventura com Luís Carlos.

Ana Maria esta cursando Psicologia na Unit, usufruindo de bolsa de estudo, que a mesma aproveita com afinco, aos 22 anos, ainda muito bonita. Nos corredores da Unit, Ana Maria conhece um professor de Direito, o Delegado da Polícia Federal Gustavo, que fica interessado pela moça.

Gustavo é de São Paulo e foi transferido para Aracaju, estando solteiro e com seus 40 anos de idade, já ensaiando vontade de casar e ser pai, mas descobre que é estéril.

Ao ir a casa de Ana Maria, Gustavo encanta-se com Letícia, que é uma criança inteligente e comunicativa.

Passados 12 meses, Gustavo casa-se com Ana Maria e é transferido para Manaus, onde segue com as duas.

Luís Carlos nem procura a filha, desde a gravidez. Ana Maria pede pensão por meio da defensoria pública de Aracaju, mas Gustavo sempre vive desempregado, não valendo nem a pena pedir sua prisão civil.

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Gustavo, que via dificuldades em matricular Letícia nas escolas da cidade de Manaus, onde exercia a profissão de policial federal, pois não era pai, decide procurar um advogado, que o auxiliar em cima de um instituto de direito de família.

Gustavo solicita a adoção afetiva de Letícia, mediante o abandono material e afetivo de Luís Carlos, sendo vitoriosa a ação, pois o ECA prevê esta possibilidade.

Gustavo apaga a certidão de nascimento na linha paterna, e coloca a dele, sendo o novo pai de Letícia, o que prova que afeto é mais importante que vínculo de sangue.

Luis Carlos, mais adiante, ficará arrependido, mas é tarde demais.

LUCIANO DI MEDHEYROS
Enviado por LUCIANO DI MEDHEYROS em 08/01/2018
Reeditado em 11/04/2020
Código do texto: T6220362
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