ESTELA & AMANDA

Sempre amei Estela. Sempre. E quando soube de sua doença, desaprendi a sorrir. Não podia perder a luz de seus olhos, a graça de sua presença. E sofri, como nunca antes. Acompanhei o seu sofrimento, sua luta e estive ali, ao seu lado, chorando junto ou tentando arrumar força em algum lugar.
Acho que foi daí que veio a minha raiva de Deus.
Ele não quis que Estela vencesse. E ela se foi.
Em minha fúria, falei muitas blasfêmias. Gritei sozinha.
Estela não podia ter ido.
Não sem mim.

Penso em ir até ela.
Mas será que Deus me perdoou?
Será que perdoará se...?

Esse revólver tem uma bala. E minha cabeça ferve de medo.
Parto? Permaneço?
O que dirá Estela sobre isso?

(Um tiro cortou a noite. Amanda não quis ficar entre nós. No cemitério, choramos por elas, que eram mais que amigas. E nem sabíamos o quanto...)