A PATRICINHA DO MIUDINHO
Parece história de pescador ou história de escritor, mas eu juro que é a mais pura e triste realidade. Último dia do ano, 15 horas, alguns fogos já se ouviam pela cidade, entrou no consultório veterinário, uma jovem vestida tipo "patricinha". Cabelos e roupas muito bem arrumados. A moça trazia no colo um cãozinho da raça Pinscher.
Um daqueles que costumam ser hiperativos. Chegou um tanto irrequieta demonstrando um tanto de pressa, perguntando se o atendimento iria demorar muito. Mal chegou foi avisando, que o seu pai era contra de ela levar o “Miudinho” para uma consulta.
Em seguida, revelou que o “MIUDINHO” era muito estressado, e que precisava de um calmante para que ele, não ficasse latindo tanto durante à noite, no momento dos fogos dos festejos da passagem do ano.
O veterinário informou, que a maioria dos ansiolíticos brandos são fitoterápicos e que costumam quando em doses terapêuticas, levarem horas até mesmo alguns dias para iniciar o efeito desejado. Explicou também, que esse tempo dependeria do metabolismo e grau de ansiedade de cada animal. Explicado isto, o médico fez a receita de um medicamento oriundo da flor do maracujá — Passiflora.
Ao ler a receita para a proprietária do “Miudinho”, a jovem mais uma vez em tom de irritação fez a seguinte pergunta:
— Eu entendi, mas me fale dessa colher de café, como dou isso?
Explicou o doutor:
— O medicamento é via oral e você dará uma colher das de café duas vezes ao dia.
— Eu entendi, mas me diga essa colher é de que tipo de café?
Não acreditando no que ouvia, o veterinário pegou um pedaço de papel e desenhou quatro figuras ovaladas de tamanhos diferentes em ordem crescente, colocando um traço em cada uma das figuras, para representar um cabo e disse apontando para figura menor:
— Essa é uma colher de café, porque é usada para mexer o café, a seguinte é de chá, a outra de sobremesa e essa última é a de sopa, porque é com ela que tomamos sopa. Tomamos essas colheres como medida, para administrar os medicamentos aos animais.
Ela mais irritada ainda, como que o veterinário estivesse a chamando de “burra” disparou:
— Eu sei disso, doutor. Eu só estou querendo saber como é esse café. É café comum ou café expresso?
— Menina esquece o café, se você der café para o seu animal ele não irá apenas latir hoje à noite, provavelmente ele acabará com toda a festa. A colher a que me refiro… bem esquece a colher, esquece o café. Pegue uma seringa de 3 mL e dê 2,5 mL via oral, duas vezes ao dia. Ok?
— Assim o senhor me confunde, ainda a pouco me disse que era para eu dar o remédio pela boca do “Miudinho”, agora já está falando em seringa e em injeção. Eu não vou aplicar nenhuma injeção nele, não!
— Assim fica difícil, você nunca tomou remédio na vida não?
— Lógico que sim!
— Como você fazia para tomar os remédios, era no próprio vidro?
— O senhor só pode estar brincando comigo. Claro que eu tomava no copinho.
— Graças a Deus, disse o veterinário. Então pegue o remédio que receitei e dê ¼ do copinho para o “MIUDINHO”.
— Desculpe doutor, e eu aqui pensando que teria de dar café para o coitadinho. Para dizer a verdade, nunca tomei café na minha vida. Agora vou correndo na farmácia comprar esse “remedinho”.
Pagou a consulta, pegou o celular fez uma selfie com o “MIUDINHO” e saiu apressada dizendo: — Feliz Ano Novo, doutor.
— Para você também, você deveria experimentar o café. Café é muito bom! Deixa as pessoas mais ligadas.