Asma

Com ar convicto, Joyce virou-se para Margareth, e declarou:

- A ciência já concluiu que asma é uma doença psicossomática.

- Doença psicossomática? - Repetiu Margareth, com ar incrédulo.

- Você já ouviu os chiados de uma pessoa com asma? Sabe o que eles são, na verdade?

- Inflamação dos brônquios, suponho.

- São choro reprimido!

- Está falando sério?

- A crise de asma é, na verdade, a vocalização de alguém que sente saudades da mãe!

- Os chiados no peito.

- Sim, os chiados no peito!

- E como fazemos para tratar o problema… cataplasmas, emplastros? - Indagou Margareth cautelosamente.

- Terapia! - Exclamou Joyce em tom triunfante.

- Terapia. - Ecoou Margareth, sem ânimo para rebater a questão.

- A asma é, em última análise, um caso agudo de depressão!

- Como não pensei nisso? - Retrucou Margareth.

E pegando a bolsa e o casaco, ergueu-se da cadeira onde estivera sentada e estendeu a mão para a amiga.

- Fico-lhe muito grata por esta aula sobre asma, Joyce!

- Não foi nada, só quero ajudar! - Foi a resposta modesta.

- Da próxima vez em que acordar de manhã e tiver dificuldades de respirar, vou pegar o telefone e fazer um interurbano para minha mãe. Certamente, isso vai me ajudar a passar pela crise…

- Pois! - Joyce abriu um sorriso.

- Embora conhecendo minha mãe como conheço, ela certamente vai me mandar parar de frescura e passar linimento de clorofórmio no peito.

E abrindo a porta para sair, complementou:

- Era a única coisa que conseguia diminuir os acessos de tosse e a falta de ar quando eu era criança…

[30-12-2017]