Movimentava-se de uma forma peculiar, inerente ao seu próprio eu, com trejeitos multiformes resmungava coisas sem nexos, despiu-se de todo pudor e, chorou o mal-me-quer do amor descolorido que deixara ir, prá lá dos confins do mundo, prá muito mais longe ainda, prá linha de um horizonte, inatingível, sem arco íris, sem cores e sem esperanças prá quem não sabe sonhar o amor! Sentiu a casa vazia e fria, sem a presença de um calor humano, que dantes sorria e falava de tantas coisas contagiantes, era um jeito gracioso de ser que às vezes parecia ébrio no sentir e no se expressar, era contagiante... agora não mais, ela se fora.
Seu sentimento não era de saudades, não, não era! Parecia que perdera um objeto valioso, aquilatado em valores a peso de ouro.... não se conformava com isso. Então vê sobre a cômoda um envelope e abre-o:
“... não aguento tanto descaso, estou partindo, preciso muito de alguém que saiba:
ser ouvinte...
ser amigo...
ser companheiro...
ser amante...
ser carinhoso...
ser..., simplesmente, ser!
Adeus”
Ah o descaso, catalizador que acelera o fim de um relacionamento não vivido!