A DOAÇÃO - Epílogo

Maria chorou mais um pouco, lentamente os soluços foram diminuindo e acabou por adormecer, algumas pessoas se aproximaram curiosas em saber por que uma mulher chorava tanto no corredor do hospital, em todos os olhares se via o sentimento de compaixão.

Fiquei por ali ora sentado ora andando até que ela acordou, nos seus olhos vi muita paz, ela me fala baixinho: _ Chorar, pra mim sempre foi bom! – Eu não sabia o que dizer então Maria me agradeceu por todo o bem que fui na sua vida, me dizendo que tivera outros homens, mas se tivesse que escolher um homem nesta vida seria “Só você”, ri brincando dizendo “Isso dá uma musica” a agradeci também por toda felicidade que me deu.

Ela pega minha mão falando: _Cê sabe que no nosso caso só tem um tratamento, NÃO TOMAR NEU UM GOLE... NUNCA...NUNCA ...NUNCA...o mal entra na gente em doses bem pequenas, Entendeu!? – Balancei a cabeça confirmando.

A enfermeira veio fazer a medicação, informando que estavam conseguindo uma vaga num quarto e lá seria a visita no horário certo, falou:_ Viu seu Arquimedes como ficar aqui no corredor foi bom, se ela já estivesse no quarto, vocês não estavam conversando assim. –

Ela adormeceu saí do hospital, não teve jeito, continuei bebendo, invernei na bebida, não sei quanto dias foram quando melhorei um pouco procurei o Zézao, foi a primeira vez que vi aquele grandalhão com cara de choro, explica o acontecido com ela: _Seu Jardineiro, a menina não aguentou já estava com leucemia, faleceu, não deixei ser enterrada como indigente, usei o dinheiro que vocês estavam juntando coloquei mais um pouco comprei um caixão e comprei muitas flores, muitas flores mesmo. – O agradeci dizendo que quando ganhasse dinheiro viria cobrir o gasto dele, ficou bravo :_ Que isso home, não me deve nada, fiz com muita satisfação sempre gostei demais docês. –

O abracei agradecendo todo o carinho atenção, fiquei um tempo sem beber pensando como fazer para mudar de vida, apareceram colegas me oferecendo um gole, não teve jeito voltei pra cachaça, não sei quanto tempo faz isso, agora, com se aparecimento me dando este presente (Ele alisa a camiseta) penso que chegou a hora de vencer este vicio. –

Jardineiro quando terminou de falar tremia muito, Júlio diz: _ Aceito sua doação este chaveiro vai ficar comigo guardado em minhas coisas, mas fico só com as coisas boas, tristezas não quero. – Os dois riram.

Júlio se levanta dizendo: _A partir de agora, és meu irmão, ficarei com sua sorte e te darei a minha sorte. – Jardineiro olhando em volta retruca: _Minha sorte? Esta miséria toda? –

Júlio responde sério: _Não haverá mais miséria, pois lhe dou a minha sorte em ganhar dinheiro, e quero ficar com a sua sorte no amor, a sorte de amar e ser amado. –

Jardineiro emocionado também se levanta com certa dificuldade, devido à fraqueza de tanto tempo bebendo e emoções relembradas.

Júlio fala colocando a mão em seu ombro: _Te faço uma proposta de trabalho, quero que seja o jardineiro da minha casa, se precisar se aperfeiçoar, terá todos os recursos, sei que você é bom na jardinagem porque faz com amor, e será também jardineiro das casas de muitos amigos com certeza vai ganhar muito dinheiro, porque no condomínio onde moro quem cuida de plantas é bem remunerado, nas dependências da minha casa tenho um espaço destinado a funcionários, tenho uma pequena casinha que está desocupada, se aceitar será sua e poderá colocar uma chave em um chaveiro. - Júlio sorrindo balança o chaveiro em sua mão dizendo: _Este aqui não! este é meu! –

Jardineiro comenta: _E se eu continuar bebendo? – Júlio fala: _Não acredito que vai continuar, depois de um tratamento médico e acompanhamento no AA (Alcóolicos Anônimos)

Com a boa vida que vai ter, nunca mais vai colocar um gole de álcool na boca, te digo agora uma frase que aprendi com o pessoal do AA “Se quiser beber, o problema é seu, Se Quiser parar, o problema é nosso”. Vai depender de você, estarei do seu lado sempre.

Arquimedes respira fundo dizendo: _ Aceito! Esta oportunidade não perderei de forma alguma. –

Júlio pede: _Então, me dá um abraço, porque temos muito que fazer vou te levar a médicos amigos meus, vai ter o melhor tratamento possível, precisa estar bem para ir ver teus filhos, agora que é meu irmão, seus filhos se tornaram meus sobrinhos, vamos fazer o melhor por eles. –

Arquimedes se esforçou para conter as lágrimas.

Os dois homens emocionados se abraçam selando o inicio de um tempo de renovação, alegria e muita esperança.

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