A DOAÇÃO Pag 5

Jardineiro com água nos olhos explica: _ Este chaveiro me lembra da mulher que muito amei e fui amado, foi meu amuleto o objeto que me deu forças para me manter vivo.

Quando ela se Foi, eu queria morrer, sempre quando pensava em acabar com tudo o segurava na mão, Ouvia a voz dela me dizer “Não desista você vai vencer” sempre vinha a vontade de lutar contra este vicio terrível, também me lembra que ela não está mais aqui neste mundo, quero dar a alguém este chaveiro não tenho coragem de joga-lo fora, começar vida nova, sinto que só vou conseguir se fechar as portas do passado. –

Júlio emocionado fica sem saber o que dizer Jardineiro incentivado por este silêncio continua falando:

_ Não! Não estou na rua por causa de uma mulher, que me abandonou, ao contrario por causa dela que ainda vou conseguir sair desta vida de sofrimento, ela morreu me deixando a semente de esperança de dias melhores, se eu desistir estarei jogando fora todo o amor e paixão que tivemos um pelo outro, preciso me erguer e ter uma vida normal devo isso a ela.

Conhecemos-nos numa noite fria, acho até que foi a noite mais fria da minha vida, acordei de madrugada aqui nesta marquise, - (ele fala dando tapinhas no chão de cimento onde estavam sentados) tava perdido sem pinga e sem dinheiro, naquela hora não tinha nenhum boteco aberto, ela estava do meu lado dizendo que não foi para o Berg (albergue) sentamos de costas um para outro para esquentar, me enrolou todo com jornal, se enrolou também, acordamos de manhã abraçados com jornal para todo lado, sai primeiro para dar um jeito de tomar uma pinga, na volta trouxe uma rosa que tirei de um jardim aqui perto, quando ela viu a rosa se emocionou dizendo que não se lembrava de alguém lhe ter dado uma flor, aí nunca mais nos separamos, neste dia que me deu o chaveiro de presente dizendo; _Já que vamos ficar juntos guarde este chaveiro para colocarmos a chave da casa que vamos alugar e depois comprar, é nosso primeiro objeto, não vai perder hein. –

Jardineiro deixa as lágrimas rolarem, Júlio também com os olhos rasos d’guia pergunta:

_ E depois o que houve? – jardineiro enxuga as lágrimas na manga da camisa, mostra um sorriso no rosto, conta:_ Tivemos uma verdadeira lua de mel, temos um amigo chamado Zézão porque é um homem bem grande e gordo sempre com a cara fechada, mas tem um coração de ouro, trabalhava de segurança numa escola aqui perto, ele deixava que ficássemos a noite amoitados lá, porque gostava de dormir, pedia para quando o ronda chegasse o acordasse, para não ser pego dormindo, ali no sofá da escola vivemos grandes noites de amor.

Zézão brigava muito conosco dizendo:_ Seus P... Não façam sujeira! Deixem tudo limpo se não vai sobrar pra mim e se sobrar pra mim o bicho vai pegar pro lado de vocês! – Ele falava isso porque fazia muito calor e tomávamos banho num chuveiro que tinha lá, fazíamos a limpeza bem feita para não deixar rastros.

Foi um tempo que fiquei sem beber e ela sem usar drogas, consegui um bico numa floricultura da dona Vera, ela fazia limpeza nas casas, estávamos juntando um dinheiro que ficava com o Zezão. –

Jardineiro vendo que Júlio não falava nada pergunta: _ Estou falando muito, estou te enchendo? – Júlio responde: _ Claro que não!!! Ao contrario estou gostando de te ouvir, por favor, continue, quero saber do seu romance do que aconteceu com sua amada. –

Jardineiro rindo continua falando: _ Não pense que não brigávamos, ao contrario a gente quebrava o maior pau, eu quando tomava umas pingas ficava com ciúmes sem motivos a chamava de vagabunda, Piranha e outros tantos nomes ruins, ela reagia me chamava de pudim de cachaça, sem futuro, fracassado, chifrudo, e outras palavras pesadas, me agredia fisicamente também eu nunca revidava porque mesmo bêbado jamais bati em mulher, na verdade eu apanhava. – ele ri, e continua falando; _ Depois que eu melhorava, sempre trazia flores, e o ponto fraco dela eram as flores, na intimidade quando lhe fazia carinho usando rosas ela ficava louca de paixão. –

Júlio o interrompe perguntando: _ Como assim? Carinhos com rosas? Não entendi?

Jardineiro dá uma gostosa risada, explica: - Eu na floricultura juntava as pétalas de rosas que iam caindo, colocava tudo num saquinho, e quando estávamos sozinhos na escola, e pelados despejava as pétalas sobre ela e pegava uma rosa inteira alisava o seu corpo, ela ficava completamente louca de T...

Agarrava-me como uma fera selvagem, a gente fazia loucuras... –

Júlio comenta: _ É, me surpreendeu, acho que tenho muito a aprender com você, como se deve tratar uma mulher. –

continua....