18 MINUTOS

Não foi fácil, como vem ocorrendo há algum tempo, levantar desse ninho. Cobertores e edredons asfixiam a minha pele, tendo a tendência de enrugar-me. Uma luta inicia, não há energia para a batalha, mesmo assim estou vencendo. Meu maior desejo vence, permaneço 40 minutos inertes. O enrugar doido da pele foi suficiente para a vida iniciar sem vontade.

Um pé, pode ser o direito, nada ajudará confesso. Essa experiência vem sendo hábito ensolarado anti-iluminado. Ali o mundo recomeça, com o farfalhar de galos de outrora, vivos na lembrança das 10:18 da manhã. Os galos cantam para o amanhã chegar a qualquer lugar. Quem será eu?

Meu instrumental lerdo pensante parece querer desligar, volto por 18 minutos ao ninho, quem dera poder ali asfixiar-me. Energia me falta. Volto a mim, tento lembranças para apoderar se de mim e eu a elas, nada adianta. Tudo está escuro e os galos não cantam para mim, afinal nunca cantaram!

Aceitei já a 8 anos, não peço que cantem mesmo. 18 para a meia noite pedi e nada! O vermelho anual só vem para alguns. Ainda sou algum pelo menos para o IBGE, não me conto mais. Não me canto mais. Enrugo apenas naquela pasta dental que me é alergênica. Mas qual não seria? Não quero descobrir mais.

Não quero a sensação das descobertas e cobertas inúteis, o ninho está vazio. Ainda dizem que mães sofrem de ninho vazio, quem dera eu poder voltar para esse ninho que não me faz mal. O que não me faz mal ainda é meu sonho.

Em que me tornei, por que não consegui me tornar? Por que ali aos 8 anos retiraram o elixir sagrado. Hoje nem 18 minutos mais peço.

Autor Clodoaldo dos Santos Pereira

Data: 22/10/2017

Clodoaldo dos Santos Pereira
Enviado por Clodoaldo dos Santos Pereira em 15/11/2017
Código do texto: T6172860
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