Um conto solar
E ele ressurge. Jamais se atrasa, afinal é o senhor do tempo. Traz variados brindes para aquela calma e tímida manhã de sábado.
Imperativo, nenhum disfarce, nada translúcido. Decidido, ostensivo, procura inteirar-se dos acontecimentos enquanto esteve ausente. Sim, porque ele sabe que na condição de astro rei, outros ares distantes carecem da sua visita programada, esperada. E, assim, o lindo e brilhante Sol chega impondo presença com seu calor, tirando a graça da neblina, evaporando eventos, queimando corpos, renovando dores e amores.
Porém, o senhor da luz, que paquera estrelas, que namora a lua, tem as frustrações de não viver as madrugadas com os seus comentários de finais de festa; de não ter a preferência dos amantes; de não oferecer aos poetas a mais fértil inspiração das tantas noites solitárias. E aí, lá do alto, por diversos ângulos, observa, atentamente, a rotina dos seus súditos, depois recolhe-se resignado, cedendo lugar à noite. Aprendeu, o amigo Sol, que o seu poder tem, também, as suas limitações. Insistente, amanhã, irá voltar com mais vontade, com mais calor. Recomeçará... iluminará...