Minha oração e meu egoísmo
Deveria ser a décima quinta ou sexta vez que a via fazer aquilo que fazia de melhor. Como sempre lia em minha frente um poema, mas a voz passava pelos ossos. Como? Sinceramente não sei dizer.
E então numa vez recitando, num bar com a galera. Poucos mas bons amigos. Ela novamente começou. Era como se natureza soubesse e o vento e as folhas do lado de fora claramente balançavam no ritmo, com a mesma suavidade de sua voz.
Mas em suas palavras dessa vez, como em muito poucas outras, saía algo mais. Era como se gritasse com todas as forças de seu peito. As palavras que o peito gritava eram diferentes do texto que lia.
O momento não o era e era ilusão. O poema de amor, o peito de dor, do poema as palavras eram "... e para sempre juntos permanecerão - os dois como um só coração ...", do peito as palavras eram "... quero te ter de novo...".
E então quando acaba, no meio do pleno silêncio. Cometo eu, o maior pecado. Do fundo meu peito oro e ao senhor peço com tudo que acredito. Que seus desejos não se realizem.