3 BURROS NA ESTAÇÃO

Quando eu era criança, no tempo do ronca, a comunicação entre a cidade e o sertão era feita através do telégrafo, ou seja , o velho pica pau. Cada letra dedilhada era contabilizada para pagamento da carta, então quanto menor fossem as letras mais barato era a transmissão, por esse motivo os textos eram curtos e abreviados. Dito isso, segue o conto..........

A coisa que mais gostávamos de fazer era passar as férias na fazenda Cajazeiras, de propriedade da minha vó, coronela Francisquinha, todo final de ano escolar. Ia eu, major e o Luis Roberto. Quem cuidava de tudo era Minha mãe, ela combinava com tia Ivonete para que o Luís Roberto fosse com nós dois, combinava horário, custos e logística da viagem. Luís ficar lá em casa, um dia antes da partida, pois o trem sai 4 horas da manhã. Minha mãe cuidava de tudo, e mandava o seu filho mais velho, embora fosse muito jovem, tinha só 14 anos, ir até a estação e comprar as passagens, e também matar um telegrama avisando minha vó. Ele ia de ônibus até a praça da estação, fazia o combinado e voltava. Major ( como era chamado meu irmão ), pegava o dinheiro com minha mãe e ia fazer o mandado. Major além de matemático era muito sabido, como ele sábia que o telegrama era contado em letra, pra minha mãe ele apresentava uma carta, que saía cara, pra vovó mandava o necessário para que ela entendesse. A diferença do pagamento ele ficava para ele. Segue o curto telegrama que ele mandava.

VÓ. TAMOS AI DIA 4/12. EU, FRED E LUIS. 3 BURROS NA ESTAÇÃO.