UMA SEXTA FEIRA EM MOSCOU
Não esquece o passaporte, o original, pois a copia não serve. Aonde você colocou o cartão de registro e o papel com o telefone do povo da empresa? Ah, e isso, é super importante, ao estar andando pela rua, caso você cruze com algum policial, deixe de falar e abaixe a cabeça, principalmente se você não esta com pelo menos 2000 rubros (R$160) extra na carteira para dar de gorjeta ao guarda, caso ele te pare.
Quando um amigo me falou tudo isso aqui em Moscou, ele me fez lembrar de minha infância, quando, antes de pegar a estrada, minha mãe sempre falava: menino, já foi no banheiro, pegou teu travesseiro... Eu detestava aqui e achei que o do cara daqui fosse piada. Sabe como é, peixe novo no aquário, sempre é motivo de novas brincadeiras. Mais não, aqui a historinha da mamãe é pra valer.
Sexta feira, dia da balada quente e louca na cidade. As garotas se produzem mais do normal e saem ao ataque. Algumas começam até antes, ainda no escritório.
Depois de uma pequena brincadeira com a recepcionista da empresa, a garota me pergunta que tenho pensado fazer hoje a noite. Para mim, no momento, a pergunta não passou mais além de uma simples frase para puxar conversa já que o dia era sexta. Mau respondi e ela seguiu falando se eu à esperasse uns 30 minutos, poderíamos ir junto a um bar novo que havia sido inaugurado há uma semana, mais ou menos. Sem pensar muito apenas falei um sonoro sim.
Uma hora mais tarde, já no tal lugar, entre conversa e conversa, a coisa vai esquentando e ficando muito, mais muito interessante. Depois de vários drinks e um belo jantar, a garota me comenta que vai chamar uma amiga para seguir a noite com a gente. Ai é que meu sorriso abriu de vez. Pedimos a conta e ai minha primeira surpresa. Nada de rachar, nada de nada. Tudo por conta minha. Mais entre a alegria, produto do álcool e o cruzar de pernas dela, falei pra mim mesmo que tudo bem.
Levantar o braço na rua, ver a disputa dos Ladas para ver qual chega primeiro ao teu lado, negociar o preço até um novo lugar e vamos embora para uma noite de club com uma pequena parada para pegar a amiga no meio do caminho. Ao ver a garota, apenas olho ao céu e agradeço. Gente, a noite prometia e prometia.
Novo lugar e mais grana. Agora de livre e espontânea vontade, pois não é todo dia que no final do túnel, entre passadas de mão por aqui e toques por ali, me vejo com duas deusas em minha cama. Assim que segui abrindo a carteira e pagando pelas bebidas. A resposta a tudo isso, era mais e mais carinho. O qual, após umas horas comecei a achar algo estranho, pois beijo não rolava, mais como as mãos, minhas e delas, passeavam dentro das calças de nos três, fiquei na minha, desfrutando o momento. Até que do nada, uma delas comenta que deveríamos mudar de club e lá vamos nós a olhar a brigas dos Ladas por nossa grana.
Porta do novo club e o momento em que voltei a mim. Chegamos por lá e as duas, sem nenhum tipo de vergonha na cara entram e me deixam do lado de fora. Ligo pra garota, converso com o segurança, ofereço grana e nada. Fiquei barrado do lado de fora. Começo a andar pela rua para pegar um Lada e do nada aparece um policial e começa a enrolar a língua e entre algo e não sei que, entendo a palavra passaporte. Passo o xérox e o cara, algo bravo, quase me joga o papel na cara. Segue o bla, bla, bla sem que eu entenda nada até que com um pobre inglês, o cara me fala ou me pede educadamente, 2000 rubros.
Resultado da noite, ressaca, nada de sexo com duas deusas em minha cama e o praticamente, 700 reais jogados ao lixo.
Moscou é selvagem em muitos momentos. Algumas vezes se tem excelentes resultados, mais em outras, como esta noite de sexta feira em um março ainda frio, se perde muita grana e se retorna pra casa sozinho, a não ser que se queira encarar um lugar meia boca, mais isso já é outra história.