O menino dos lábios de mel
Quando não há confusões, parece que tudo começa a se encaixar, ou se perder. Aquele menino cujo beijo fora doce, se perdeu nos meus braços. Algumas pessoas dizem que opostos se atraem e, sinceramente, preciso oncordar. Nessa idiotice que é se envolver, perdemos o controle. Demorou um pouco, mas aquela pergunta não poderia ter ficado sem resposta. Ah, falo como se todos que me leem soubessem a que pergunta me refiro. tentativa vã acreditar desvendar, foi tão boba, talvez tola, mas foi o tipo de pergunta que te faz querer responder sem perguntas.
Enquanto estávamos no mar, após uma cansativa corrida, aproximou-se com o sorriso malicioso de quem busca novos lábios para repousar os seus próprios lábios e, sem medir as palavras, e sem permitir que o riso caia, aprouximou-se e perguntou "O que estamos esperando para nos beijar?" Err... Admito que as palavras faltaram, mas não poderia deixar de ter respondido com um beijo. Fomos atropelados por uma onda, depois por outra.
_ Vou voltar agora!
_ Vai, depois eu vou.
É, eu precisei de um tempo para me recuperar, porque havia me perdido de mim, sem perceber.
Trocamos uma ou duas palavras. Aquele gesto singelo dizendo "senta aqui!" Não havia como resistir. É estranho se ver refletido nos olhos de alguém, eu me peguei preso algumas vezes sobre aqueles olhos minúsculos que me devorava com a mesma voracidade com a qual eu o devorava. Apesar da intensidade, ali, nada mais poderia ser feito. Talvez o silêncio que me tomava, deixasse-o na dúvida sobre o meu desejo. Retraiu-se. Não poderíamos passar o dia todo no mar, precisamos voltar. Seguimos o nosso destino. Ainda bem que tomaríamos o mesmo ônibus.
Na inconscistência de ser, procurei me manter um pouco afastado, mas havia nele um ímã. Fui atraído. Sentei-me ao seu lado e mais algumas pperguntas de quem denota certa insegurança:
_ Por que você foi sentar lá trás?
_ Eu estou aqui.
_ Mas você colocou sua bolsa lá trás.
_ Minha bolsa está aqui em cima.
E finalizando a conversa, sentei-me ao seu lado. É, parece que havia algo de novo no encontro de nossos olhos e, sem pensar muito, permitimos o encontro dos nossos lábios, mas o ônibus nos impediu o beijo. Outra tentativa. Vã, novamente. Aquietamo-nos e, finalmente, conseguimos nos beijar profundamente, intensamente. Mas aqueles bancos eram estritos demais para que ficassemos ali, fomos ao final do ônibus e revelamos nossa sede. Os corpos quentes se envolveram numa intensidade que não imagianara ser envolvido. A sede foi, aos poucos, saciada. Mas havia em nós uma voracidade animal de saciar nossos desejos. Pertencemo-nos, não completamente, mas numa intensidade ímpar. Ele, com aquele sorriso singelo, conseguiu extrair de mim um pouco mais do que deveria. Creio que matamos a sede, mas, devo admitir, a água precisa acabar.
Descemos do ônibus, despedimo-nos de nossos amigos, caminhamos um pouco. Um abraço. Um beijo e a vontade de quero mais.
Um dia, quem sabe, esses corpos se encontrarão e ocuparão o mesmo lugar no espaço.