Fim do dia
Estou saboreando esse fim de tarde.
Ao longe o sol se põe, engolido pela cadeia de montanhas no horizonte longínquo.
Henrique, meu sobrinho de dez anos diz que ele já não está ali há uns oito minutos, que é só sua luz e blábláblá... Que sabe uma criança de dez anos sobre nada além dos brinquedos? Amélia vem enxugando as mãos num pano sujo, diz que sou duro com o menino, que posso lhe magoar, que a família é a base de tudo, mas que desse modo... uma brisa fria, daquelas que anunciam uma noite e madrugada geladas corre pela beirada da casa e meus ouvidos acompanham o sons do mato balançando; sussurrando segredos baixinho.
Estive o dia inteiro nos campos, sob um calor infernal, mãos firmes num cabo de enxada e ao fim do dia, ver o sol morrer é satisfatório; à minha maneira é claro.
Aqui sentado, vendo os últimos raios sumindo, vendo o céu ganhar um tom arroxeado nas bordas mais distantes do pôr-do-sol saboreio a tarde definhar com um gosto doce e amargo de vitória na boca.