A IMPRESSÃO DA BURRICE

Ele era uma pessoa boa e alegre, mas em um relacionamento frágil. Passou pouco tempo e ela o deixou. Disso em diante ele começou uma loucura em si, digo enlouqueceu por querer. Ficou obcecado. Em uma ocasião a sua amiga foi visitá-lo e ao chegar bateu na porta, gritou, tocou a campainha e nada, nesse caso resolveu entrar. Abriu a porta e lá estava ele sentado olhando fixamente com uma caneta na mão para um pedaço de papel.

- O que está fazendo?

- Calculando. . . Disse ele com olhos vidrados e vermelhos, olhos de ressaca de quem não dormiu.

- Calculando o quê?

- Nada!

Escondeu o papel debaixo da almofada do sofá, saiu em direção a cozinha. A amiga sem pensar duas vezes pegou o papel escondido e leu e nele estava escrito:

- Teorema de um assassinato.

Era calculista.

A amiga questionou aquilo e convenceu-o de não cometer bobagem. Ele aceitou, esqueceu, partiu para outra. O tempo passou e chegou-lhe a notícia de que ela tinha outro namorado. Ele enlouqueceu. Comprou um revólver e contratou dois marginais e deu as instruções: forjar um assalto e matar o outro rapaz. Os marginais sairam e esperaram a última ordem dele. Mas para sua surpresa a sua amiga lhe assaltou uma resposta e lhe protegeu.

- Quem eram esses homens? O que estava falando? Não me esconda nada! Diga!

- Droga! Contratei eles para... para...

- Fale.

- Para matar aquele idiota que namora minha namorada!

- Sua namorada? Ela não é sua e você não pode cometer uma loucura dessa! Chame aqueles homens e desfaça o que fez.

Imediatamente ligou e desfez o negócio sujo.

- Pronto. Era o que queria...

- O que queria e quero é te proteger, vejo que agora é de você nesmo. Dê-me um abraço.

Numa tarde linda ele estava no jardim quando sua ex-namorado - para ele ainda namorada - passou de mãos dadas com o outro. Surtou. Mas a amiga estava ao seu lado. Entrou dentro de casa, colocou a melhor roupa, fez a barba, perfumou-se e saiu cantarolando em direção ao casal.

- Boa tarde, belo casal.

Não obteve resposta. Deu a volta no quarteirão.

- O que você fez? Que mudança foi aquela?

- Minha amiga, se já não posso tê-la o que posso fazer é ser feliz, cuidar de mim. Ela ficará na mesma, eu tenho dinheiro e ele não, posso me tratar, fazer cirurgias plásticas, ficarei velho e bonito, e eles velhos feios e acabados.

Estava doente.

A amiga nada falou, pois para ela aquela insanidade era menos doida e deixou-o pensar assim.

Entretanto, dizer - seja feliz - ou desejar a felicidade em silêncio e com força seria e é a melhor opção para um rompimento amoroso. Porém parece difícil, árduo e pesaroso, é mais fácil querer o contrário. Por quê?

Leandro Ferreira Braga
Enviado por Leandro Ferreira Braga em 09/10/2017
Reeditado em 25/09/2024
Código do texto: T6137661
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