URTICÁRIA NERVOSA

Era uma festa de confraternização. Amigos de infância,adolescência, jovens adultos. E todos moravam naquela cidade-presépio, perto das nuvens.E quase todos eram felizes, ingênuos, ignorantes do horror, da fome, do desprazer. Amantes da fé, dos bons costumes, E na reunião dançavam e comiam ,alguns com certo exagero, mas afinal era uma festa. E de confraternização. Até que dona Lourdinha (ela fazia muita, muita questão do o no Lourdinha, fica mais..francês pensava, Lurdinha era meio"capiau". ) sentiu um leve roçar na perna esquerda a que doía quando ia chover.Não se abaixou para ver.Esfregou a perna com as unhas vermelhas cujo polegar ressaltava o vermelho com uma florzinha branca, um mimo de minha manicure, comentava. Eis que um segundo roçar se fez presente na perna de dona Lourdinha e ela coçou-se mais fortemente. Ao terceiro roçar, abaixou pensando na urticária nervosa que a tinha prostrado ao leito e a deixou com vergões por todo o corpo, enquanto as boas línguas comentavam sobre sua vida intima,em meio ao chá da tarde com sequilhos e ambrosias; e, foi quando viu a mão peluda e ossuda do senhor Acacio. Ela gritou de imediato num ímpeto de ultraje e de urticária e quase que de pronto o senhor Hermenegildo, dileto esposo de dona Lourdinha, e o agora chamado meliante, ignóbil, empedernido, funesto, depravado senhor Acacio, atracaram-se no meio do salão em meio aos gritos das extraordinárias e felizes mães de família presentes ao evento. No mais, como soe acontecer nesses casos de assédio, dona Lourdinha foi difamada como mulher fácil, cujos vergões bem que demonstravam seu sadismo num sexo desenfreado e despudorado, o senhor Acácio tornou-se o centro de olhares de admiração (contidos e escondidos para uma rima interessante e forte)olhares esses, que cruzavam o salão esvoaçantes e rindo com malícia- o senhor Hermenegildo mudou-se da cidade -presépio de imediato, casou-se mais tarde com uma senhora robusta do Paraná que gostava de ir para a roça e conversar com o saci-pererê. Dona Lourdinha? perdeu o O ficou Lurdinha mesmo.Trabalha num posto de gasolina na estrada que leva à vila do Ostracismo.