PAPAI SÁBIO
A vida é muito curta para ser pequena.
Tragédia não é quando a pessoa morre,
Mas o que morre dentro da pessoa enquanto ela está viva.
No meu aniversário a vela era sempre acesa na hora dos parabéns.
Meu papai dizia que era mais uma luz que clareava e não que se apagava.
Um amigo da família perguntou para papai um dia:
- o que você gostaria que dissessem em seu velório?
Papai respondeu: - Nossa, ele está mexendo!
Para papai, o que há de mais frágil em nós é a nossa própria vida.
Ele dizia que há muitíssimos fatores que a fortalece como também a destrói.
O que queremos é viver e viver bem, dizia ele.
Sua mamãe aos 90 anos de idade lhe disse um dia, enquanto esperava-o, sentadinha no banco da praça:
- Enquanto esperava você, meu filho, passou aqui uma velhinha tão boa e ficou a conversar comigo.
Papai perguntou à sua mãe: - Mamãe, o que é velhinha pra senhora?
Ela respondeu: é uma pessoa que viveu bastante!
Em sua concepção, ela não estava idosa, foi o que papai constatou.
O que levamos da vida é a vida que levamos.
Papai sempre perguntava para nós:
Se vocês não existissem, que falta fariam?
Se não fizerem falta é sinal de que não valeu a pena terem vivido.
Precisamos ser importantes, dizia ele, e não famosos.
Ser importante é diferente de ser famoso.
Há famosos sem a menor importância.
E há pessoas importantes sem nenhuma fama.
O que fica de nós quando formos, dizia papai, são as coisas que plantamos e que serão lembradas. Então seremos importantes.
Vivemos sem trazer nada, vamos sem levar nada,
Então porque brigamos pelo que não trouxemos e pelo que não levaremos? Ele sempre refletia sobre isso.
Tenho pena da morte, e não medo, dizia ele.
Quando eu for, quero ficar nas pessoas.
Quero ser lembrado pelo legado que vou deixar e não por saudades da minha presença.
A morte cotidiana é a pior morte. Pois vamos matando em nós que traria paz aos outros.
Vida longa e morte rápida é o slogan da despedida entre as pessoas no mundo árabe.
E papai sempre pedia a Deus vida longa e morte rápida.
A vida é muito curta para ser pequena.
Conto inspirado em Mario Cortella.
É isso aí!
Acácio Nunes