DANDO A VOLTA POR CIMA
Durval Carvalhal
Durval Carvalhal
“Vim, vi e venci!”
Diego era um jovem, forte, inteligente, proativo e elegante; despertava um não sei quê de antipatia entre colegas, quer no trabalho, quer na faculdade. Era sempre alvo de infâmias e mentiras. Certamente, por isso, apanhou. E apanhou muito; sem pena e sem dó.
Estoico e forte, resignou-se, resistiu e sobreviveu, porque teve a compreensão de que o problema central não era mais o que fizeram com ele, mas o que ele faria com o que lhe fizeram.
Inicialmente, sem masoquismo, apreciou o voo rasteiro dos urubus à cata de carniça. Voo suntuoso e arrogante de quem era dono de si mesmo e não temia nenhum perigo. Salgou profundamente a água do tonel e banhou-se intensamente.
Muitos abutres espantaram-se com o cheiro acre do sal curado e se afastaram; os que tentaram bica-lo, fê-lo levemente e desistiram sem arranhá-lo, alçando voo pela imensidão do espaço.
Intacto, escapou do almoço fúnebre e passou a viver esculpindo a pedra bruta em que o transformaram. Um trabalho árduo e complicado, porque físico e mental. Mas com esforço, inteligência e sensibilidade, poder-se-ia transformar as “memórias póstumas” em vida pulsante, uma árvore frondosa, de belos galhos e frutos doces, impermeáveis a pedradas.
Lembrou-se de Érico Veríssimo: “A vida tem momentos brilhantes, que compensam a dor de viver”. E passou a viver intensamente. Porque se a morte faz parte da vida, a recíproca não é verdadeira, pois a vida não faz parte da morte.
Mas enquanto o prazo de validade da vida vigia, importava-lhe sentir-se parte do universo e de sua arborização, enverdecendo as ruas, as cidades e a vida de tantos quanto o rodeavam.
Não foi, pois, um morto vivo e viveu em paz, saboreando a beleza, a sombra e o romantismo intrínseco à vida. E foi aí que compreendeu o profundo sentido da advertência: “Nunca maltrate uma pessoa quando estiver subindo, pois você poderá encontrá-la quando estiver descendo”, e respondeu com vitória a sua suposta derrota.
Estoico e forte, resignou-se, resistiu e sobreviveu, porque teve a compreensão de que o problema central não era mais o que fizeram com ele, mas o que ele faria com o que lhe fizeram.
Inicialmente, sem masoquismo, apreciou o voo rasteiro dos urubus à cata de carniça. Voo suntuoso e arrogante de quem era dono de si mesmo e não temia nenhum perigo. Salgou profundamente a água do tonel e banhou-se intensamente.
Muitos abutres espantaram-se com o cheiro acre do sal curado e se afastaram; os que tentaram bica-lo, fê-lo levemente e desistiram sem arranhá-lo, alçando voo pela imensidão do espaço.
Intacto, escapou do almoço fúnebre e passou a viver esculpindo a pedra bruta em que o transformaram. Um trabalho árduo e complicado, porque físico e mental. Mas com esforço, inteligência e sensibilidade, poder-se-ia transformar as “memórias póstumas” em vida pulsante, uma árvore frondosa, de belos galhos e frutos doces, impermeáveis a pedradas.
Lembrou-se de Érico Veríssimo: “A vida tem momentos brilhantes, que compensam a dor de viver”. E passou a viver intensamente. Porque se a morte faz parte da vida, a recíproca não é verdadeira, pois a vida não faz parte da morte.
Mas enquanto o prazo de validade da vida vigia, importava-lhe sentir-se parte do universo e de sua arborização, enverdecendo as ruas, as cidades e a vida de tantos quanto o rodeavam.
Não foi, pois, um morto vivo e viveu em paz, saboreando a beleza, a sombra e o romantismo intrínseco à vida. E foi aí que compreendeu o profundo sentido da advertência: “Nunca maltrate uma pessoa quando estiver subindo, pois você poderá encontrá-la quando estiver descendo”, e respondeu com vitória a sua suposta derrota.