A CASTRAÇÃO*
-Oh Alberto, onde você está? Deu cano no serviço hoje?
-Caramba Ricardo? Eu não apareço um dia e você já telefona? Fui doar sangue e vou dar um atestado. Avisei o chefe ontem.
-Rapaz, mas você nunca fez isso. Olha, a empresa só dá esse direito duas vezes no ano. Me diz pelo menos que você está gastando em alguma coisa que valha a pena.
-Pior que não. Eu estou tomando um "chá de cadeira" em uma clínica veterinária aqui perto de casa. Vou castrar o gato.
-O Maxwell? Pô "véio", coitado. Porque você vai fazer isso com o bichano?
-Eu não queria não. Só a ideia de que vão cortar as "bolas" dele já me causa arrepio. Igual quando se vê outro homem recebendo um chute no meio das pernas. É uma empatia masculina visceral, não tem como evitar. Mais o danado cresceu e agora está saindo toda noite para a gandaia, fica pulando nas outras casas atrás das gatas e arrumando briga. Está todo machucado. A patroa tem me "enchido o saco" todo dia por causa disso então eu resolvi cortar o dele e acabar com a falação dela na minha orelha. Agora a vida dele vai ser só ficar em casa e engordar.
-Ah entendi... A Renata então te obrigou a fazer no gato o que ela já fez em você. Alberto, Alberto, você ainda está na linha?
-VAI SE FUDER!!! Pi,pi,pi...
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-Oi Renata. Que surpresa você me ligar a essa hora da noite? Está tudo bem?
-Desculpa Ricardo, é que... Você conversou com o Alberto hoje?
-Sim, de manhã. Ele me disse que estava levando o gato de vocês para ser castrado.
-É, ele foi fazer isso. Mas até agora ele não apareceu em casa, não atende minhas ligações e acabou de me mandar uma foto estranha no celular. Ele parece que está em uma escola de samba, rindo, segurando o Maxwell e apontando para o saco do bicho...