O XARÁ = II
Por sugestão de Bruna Amparado, aqui está a continuação do meu conto O XARÀ
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O XARÁ-II
Quando Môzar apertou a campainha quem veio recebê-lo?
O xará é claro:
- Au! Au! Au!
Julieta veio logo atrás e abriu o portão sorrindo:
- Bom dia! Viu como o Môzar o reconheceu? Ele é muito esperto, nunca se esquece das pessoas de quem gosta.
Cumprimenta o moço, Môzar!
O cachorro acomodou-se levantando as patas dianteiras e “sorrindo” para ele que foi obrigado a retribuir o sorriso e aceitar o cumprimento.
- Vamos entrar.
- Não é preciso, eu vim só para levar meus óculos.
- Entre! Venha conhecer o Romeu...
Romeu? Será outro cachorro?
...Meu marido.
- Ah, sim. (que remédio?)
Entrou na sala e sentou-se no sofá enquanto Julieta chamava o marido e encaminhava-se para o escritório para pegar os óculos.
Môzar (cachorro) sem cerimônia subiu no sofá e deitou-se a seu lado.
Môzar (gente) levantou-se devagar e sentou-se em uma poltrona.
No instante seguinte o cachorro pulava do sofá e vinha encostar-se em seus pés.
O rapaz empurrou-o com o pé contendo-se a custo para não lhe dar um chute.
O cão arreganhou os dentes e ameaçou mordê-lo.
Epa! Acho que é melhor ser amigo desse bicho.
Romeu entra, cumprimenta e comenta a coincidência dos nomes.
Môzar se esforça para não deixar perceber a sua irritação.
E a Julieta que nunca que vem com esses óculos.
Ouve sua voz lá do escritório:
- Romeu, meu bem, você viu onde ficaram os óculos do Môzar?
- Estava aí na estante.
Mas não está mais. A Dita deve ter guardado. Mas, onde?
- Nossa empregada guarda tudo que encontra por ai nos lugares mais inimagináveis.
- Não faz mal. Eu venho buscar depois.
Levanta-se, ansioso para dar o fora, mas Romeu insiste:
- Espere um pouco. Ela já encontra.
Tenta conversar. Os últimos acontecimentos, a política, o futebol.
Môzar responde a custo. Não está interessado em fazer amizade com esse cara tão gentil, mas que tem um cachorro insuportável.
Depois de um tempão a Julieta aparece com os óculos na mão.
Até que enfim!
Levanta-se novamente pronto para despedir-se, mas Julieta fala:
Não vai assim sem tomar um cafézimho. Vou buscar.
Não é preciso, obrigado...
Mas ela já tinha ido providenciar o café e ele foi obrigado a agüentar por mais uns minutos a conversa sem graça do Romeu e a proximidade repulsiva do seu xará.
Quando por fim conseguiu despedir-se ainda ouviu uma última gentileza.
Venha jantar conosco qualquer dia destes! Depois eu ligo marcando.
Pois sim!
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Obrigada, Bruna!
Maith