A MOEDA
Felisberto, homem inteligente, digno e honesto, trabalhava como gerente de uma financeira, empresa bem sucedida numa média cidade. Ele entendia bem do ramo financeiro e tinha feito o negócio prosperar nos últimos anos. O proprietário, senhor Abelardo despediu-o sem justa causa, não pagou os direitos trabalhistas, somente para satisfazer seu amigo Oscar, contratou-o para o cargo de gerente.
Felisberto percorreu toda a cidade e não conseguia emprego e sua esposa e seus dois filhos estavam passando necessidades. Conseguia algum dinheiro fazendo “uns bicos” mas não era suficiente para satisfazer sua família. Desesperado foi até a sua antiga empresa receber o que tinha direito e o dono, pelo buraco da fechadura viu que se tratava de seu antigo funcionário e por cima do portão jogou uma moeda sem valor dizendo: pega essa moeda seu (In)Felisberto e não apareça mais aqui. Ele pegou a moeda e chorou copiosa e amargamente como se tivesse sido flechado no coração. Olhou para a moeda dizendo para si mesmo: vou vencer na vida por causa desse ato indigno que acabei de sofrer. Foi até sua casa e contou o ocorrido a sua esposa e choraram juntos. Vou trabalhar em qualquer serviço, leve ou pesado, limpo ou sujo mas você e meus filhos não vão passar fome.
Saía antes do amanhecer cuidava de jardins, limpava fossas e latrinas, capinava terrenos, e tantas coisas mais que apareciam pela frente, sentia muitas dores em suas mãos feridas e, mesmo assim, continuava até o anoitecer. Conseguiu sustentar a família dignamente e até sobrar algum dinheiro. Trabalhava cada vez mais e conseguia mais ganhos e já tinha umas boas economias.
Oscar começou desviar dinheiro da financeira e a empresa estava indo à falência. Felisberto ficou sabendo da dificuldade que Abelardo estava passando, procurou-o e comprou a empresa por uma pechincha e seu antigo patrão passou a ser seu empregado. Toda vez que Abelardo ia receber seu pagamento via a moeda sob vidro da mesa do escritório de Felisberto e isso o magoava muito, não demorou muito ele se demitiu e desapareceu da cidade.
Nunca subestime um homem ferido em seus sentimentos…
Como diz o antigo provérbio: Há males que vêm para o bem!