LUA DE MEL

Uma amiga me contou um caso acontecido com um casal, que era conhecido de uma vizinha da amiga dela. Não sei se foi o comumente relato do conto, em que cada um aumenta um ponto, mas, neste dito não dito, para quem conhece as estâncias hidrominerais, poderá reconhecer nele, meias verdades.

Terminada a cerimônia na igreja, os recém-casados embarcaram num ônibus para Poços de Caldas, ansiosos para desfrutarem das atrações da famosa cidade e, mais ainda, concretizarem a lua de mel, que por decisão da recatada noiva, há quatro anos era tão secamente esperada.

Viajaram durante toda a noite e chegando bem cedo ao hotel, enquanto tomavam o café, receberam informações entusiasmadas sobre as termas e as maravilhosas águas medicinais. Deixaram-se conquistar pela euforia do informante e resolveram abastecer suas forças com aquela preciosidade, antes de tirarem os anos de atraso.

Encontrando uma das fontes sulfurosas, a esposa leu, extasiada, quantos benefícios uma dose diária daquela água trazia para a pele, nevralgias, reumatismo, etc, etc, etc. Acharam que tinha um baita cheiro de ovo podre, mas, como era de graça, resolveram aproveitar e tomaram um copinho para cada indicação descrita.

Felizes voltaram caminhando ansiosos pelo momento de amor, mas, chegaram ao hotel com as barrigas inchadas como um botijão. Correram para o quarto alcançando-o no momento em que todo aquele gás se negava a ficar mais ali, comprimido.

Se a água rica em enxofre já tinha um cheiro desagradável, imagine depois de incrementada com a digestão das panquecas com bacon, enrolados de salsicha, queijos variados, presuntos e salaminhos, biscoitos fritos, geleia de pimenta, pasta de amendoim, frutas e outras coisas mais, daquele farto café da manhã.

Os caprichados flatos pareciam uma orquestra sinfônica, com bumbo, flauta, tarol, saxofone. Alguém passou pelo corredor, enfiou a cabeça dentro do quarto e tampando o nariz, perguntou se ali tinha um bicho morto. Decidiram fechar a porta, mesmo não se suportando.

O efeito gasoso prolongou desenfreadamente, e, quem passasse pela rua, na madrugada, veria duas cabeças apoiadas sobre travesseiros, no parapeito da janela. Foi como conseguiram respirar para dormir, pois não ficaria bem colocar ali, a outra parte do corpo.

Voltaram para casa no dia seguinte, estavam envergonhados com o odor que não parava de exalar das paredes. No primeiro aniversário de casamento, ligaram para o mesmo hotel e tentaram reservar aquele quarto, para enfim realizarem uma segunda-primeira lua de mel, mas, responderam não ser possível, o quarto estava há um ano interditado.

De minha parte aviso que nada acrescentei, reconto como escutei.